O Orlando City tentava emplacar uma vitória em seu recém-inaugurado estádio na Flórida, em 2017, quando o dono do clube, Flávio Augusto Silva, viu um torcedor acenando com os braços, freneticamente, da arquibancada: “Flávio!! Ô, Flávio!”

O empresário ficou conhecido por ter fundado, aos 23, a rede de ensino de idiomas Wise Up e se engajou no tema educação – depois, num misto de gosto pessoal e tino de negócios, comprou a equipe de futebol nos Estados Unidos. O torcedor desconhecido era o empreendedor Hendel Favarin, que também não estava no estádio por acaso. Ele é um dos fundadores da escola de negócios Conquer, seguidor do empresário nas redes sociais e havia “mapeado” o camarote pelas postagens nos stories do Instagram.

O dono do clube liberou a entrada na área vip para um aperto de mão e uma selfie. “Eu sou fundador da Conquer. Você ainda vai ouvir muito sobre a gente”, disse Favarin. Na parede do primeiro escritório da companhia, ele e os dois sócios, Josef Rubin e Sidnei Junior, colavam fotos de empresários que consideravam inspiradores, como Steve Jobs, Elon Musk e… Flávio Augusto.

“Já dava para ver que eles eram meio malucos”, diverte-se o empresário lembrando a “estratégia meio stalker” e a presença no mural dos famosos, que depois acabou lhe rendendo vantagem numa fila de M&A. Num processo de venda de participação acionária da Conquer em julho do ano passado, a Wiser, nova holding de Flávio Augusto no setor, chegou por último – mas foi também recebida no camarote. A Wiser investiu R$ 50 milhões para se tornar acionista minoritária. Como previsto no contrato, a Wiser acaba de fazer uma segunda compra de ações, colocando mais R$ 70 milhões, entre capital que vai para os sócios fundadores e para o caixa.

“Continuamos minoritários, mas já temos acordado que, num evento de liquidez, a holding se torna controladora da Conquer e os fundadores recebem ações do grupo”, contou Flávio ao Pipeline. “Pode ser um IPO, como já vínhamos preparando antes da pandemia, ou uma fusão no setor.”

Com cursos digitais voltados para área de negócios e habilidades, como liderança, inteligência emocional ou comunicação, a Conquer viu sua operação mudar de patamar com a pandemia. Até então tinha atendido 35 mil alunos desde a fundação, em 2016, e saltou hoje para um histórico de 4 milhões de alunos em 100 países – com conteúdo exclusivamente em português. A companhia criou uma espécie de streaming da educação e começou a crescer também diretamente no universo corporativo – como um benefício das empresas aos funcionários ou com treinamentos internos, em gente grande como Google, L’Oreal, Ambev e iFood.

Favarin já tinha tentado empreender em outras áreas, com um app de alimentação e um sistema de pagamentos online, quando começou a prestar mais atenção nas redes sociais de educação e nas habilidades que teve que desenvolver à frente de seus negócios. “O Flávio trouxe para gente, mesmo sem saber, essa sementinha crítica ao ensino tradicional. A companhia nasceu da nossa insatisfação com o ensino tradicional, que não ajuda a desenvolver habilidades importantes para o crescimento da carreira, e foca num conteúdo ultrapassado, sem aplicabilidade”, diz Favarin. “Nosso conteúdo é direto ao ponto e os professores não sabem só teoria, são profissionais de mercado.”

No mês passado, a Conquer lançou seu primeiro MBA, que tem parte presencial – como uma aula com o diretor executivo da Fórmula 1 no autódromo de Interlagos e outra com o CEO da Dengo na fábrica de chocolates. Segundo Favarin, uma demanda que veio dos próprios alunos da Conquer.

Além da participação na empresa, a Wiser também comprou participação na Aprova Total, curso preparatório para Enem e vestibular, e na Eu Militar, de preparação para concurso militar. A companhia reúne ainda as marcas Wise Up Online, Wise Up, Number One, meuSucesso.com, Power House, Vende-C, e Buzz… Leia mais em pipelinevalor 14/10/2022