A persistência dos juros elevados tem levado as empresas a tomarem medidas drásticas, incluindo a venda de ativos, diante da incerteza sobre a duração dessa política monetária.

O impacto dos juros desenfreados sobre os negócios e a economia é evidente, e cada empresa busca maneiras de escapar dessa armadilha.

O desafio do setor varejista e a venda de imóveis

No setor varejista, muitas empresas, incluindo algumas de renome, têm buscado recuperação judicial, falência ou adotado a estratégia de fechar lojas e demitir funcionários. A Marisa anunciou o fechamento de 91 unidades, enquanto a Renner encerrou operações em 20 lojas e também anunciou demissões. Outras empresas, como Tok&Stok, seguiram o mesmo caminho.

Além disso, a venda de imóveis próprios tem sido uma alternativa para reduzir os custos de investimento, especialmente em capital de giro, nesse cenário de juros proibitivos.

Fusões e aquisições como saída
Entre janeiro e abril deste ano, observou-se um aumento significativo nas fusões e aquisições envolvendo empresas impactadas pelos juros altos.

De acordo com um estudo realizado pela FTI Capital Advisors, a pedido do jornal Valor Econômico, 27,8% das transações de fusões e aquisições, com valores superiores a R$ 200 milhões, envolveram “ativos estressados” – empresas com alta carga de dívidas. Essa participação é consideravelmente maior em relação a anos anteriores, quando tais operações representavam cerca de 10% do total.

Renato Boranga, diretor executivo da FTI, afirmou ao Valor que já existem casos de empresas colocando seus negócios à venda por não saberem por quanto tempo as taxas de juros permanecerão altas. Essas empresas buscam evitar entrar em uma espiral negativa.

Segundo Luciano Lindemann, diretor-executivo sênior da consultoria, uma das estratégias mais rápidas adotadas pelas empresas para enfrentar os juros altos é a de investimento.

Desafios enfrentados pelas empresas
Em termos absolutos, dos R$ 28,9 bilhões movimentados em fusões e aquisições entre janeiro e abril, quase metade (48,6%) envolveu esse tipo de ativo “estressado”. A FTI Capital Advisors considera “ativos estressados” como divisões de negócios de empresas saudáveis, mas com alto endividamento, nas quais as empresas precisam se desfazer para reduzir a alavancagem.

Um exemplo dessa tendência foi a venda da Aesop, da Natura, por US$ 2,5 bilhões para a L’Oréal. Essa transação, a maior do ano até o momento, foi realizada com o objetivo de reduzir a necessidade de suporte financeiro para a Aesop continuar seu desenvolvimento, concentrando recursos próprios e evitando juros elevados na estrutura financeira da Natura… saiba mais em Seu Crédito Digital 03/06/2023