Atualmente investidores procuram publicações online construídas sobre uma base sólida de assinaturas

Nas últimas semanas, o mundo da mídia americana exibe uma efervescência caótica.

O The New York Times comprou o The Athletic por 550 milhões de dólares. A Vox Media comprou o Group Nine. O BuzzFeed, após o HuffPost, levou a Complex Networks, mas não conseguiu evitar o colapso de suas ações na Nasdaq.

Uma nova SPAC (empresa de aquisição de propósito específico, na sigla em inglês) tentou listar a VICE Media, mas ninguém quis entrar.

Essas foram apenas algumas das mudanças que o mercado da informação dos Estados Unidos está enfrentando no último período.

Especialistas do setor consideram que esse turbilhão de aquisições e cotações é a base de modelos de negócios que continuam mudando na velocidade da luz.

Tudo isso em uma indústria muito complexa que, sem dúvidas, não é para os fracos de coração.

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O que deixa investidores mais perplexos são as valuations das empresas de mídia, especialmente daquelas 100% digitais, que estão sendo atribuídos sem nenhuma lógica aparente.

A Axios, uma startup com cerca de sessenta funcionários criada há cinco anos por três ex-jornalistas do site americano Politico, que sonhavam em criar algo entre a The Economist e o Twitter, recentemente foi avaliada em 430 milhões de dólares, cinco vezes o faturamento.

O próprio Politico foi comprado pelo grupo alemão Axel Springer por cerca de 1 bilhão de dólares, também cinco vezes a receita.

Mas o The New York Times, com seus 1.700 jornalistas, 132 Pulitzers conquistados (recorde absoluto) e 8,4 milhões de assinantes, tem um valor na Bolsa de Nova York de “apenas” 3,2 vezes seu faturamento.

Além disso, muitas ex-estrelas do mercado de informação digital estão conhecendo um momento complicado.

É o caso do BuzzFeed, ex-galinha dos ovos de ouro que conquistava hordas de cliques com imagens de gatinhos fofos, mas que também sabia produzir furos. O BuzzFeed chegou a valer na Nasdaq 1,7 bilhão de dólares em 2016.

Hoje, após vários cortes e aquisições, como o do HuffPost e da Complex Networks, encontra-se com um valor de cerca de 700 milhões de dólares, apenas 1,2 vez o seu faturamento.

Outro caso parecido é o da VICE Media, que em 2017 foi avaliada em astronômicos 5,7 bilhões de dólares. Apenas dois anos depois, foi abandonada pela Disney, um de seus maiores investidores…*Carlo Cauti é Editor Multimídia da EXAME Invest.. Leia mais em invest.exame. 22/01/2022