Abril foi ‘com certeza’ o fundo do poço da atividade, diz Silvia Matos
Economista do Ibre/FGV acredita que a contração no segundo trimestre deve ficar próximo a 10% Os indicadores disponíveis sobre o mês de maio sugerem que a queda da atividade econômica em abril foi o “fundo do poço” da crise, disse nesta quinta-feira a economista Silvia Matos, coordenadora do Boletim Macro do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV).
“Abril com certeza é o fundo do poço e o segundo trimestre com certeza será o pior momento. O PIB do segundo trimestre deve contrair algo como 10% em relação ao primeiro trimestre deste ano”, disse a economista, reconhecendo, no entanto, que existem incertezas sobre como será a recuperação.
O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), divulgado nesta quinta-feira, mostrou uma retração de 9,73% em abril, na comparação dessazonalizada com março, maior queda da série histórica, com início em janeiro de 2003.
Durante seminário online sobre análise conjuntural promovido pela FGV, a economista disse que parte das famílias estão usando suas economias para manter algum nível de consumo. Em um segundo momento, essa poupança precisará ser recomposta, o que vai tornar a recuperação da economia mais lenta.
Além disso, a pesquisadora afirmou que a crise política cruzada pelo país acrescenta mais incertezas no país, o que pode “cobrar seu preço” para a recuperação econômica. “Tudo indica, portanto, que o país mostra uma saída mais lenta da pandemia, inclusive do que outros países”, disse Silvia Matos.
O Ibre/FGV prevê retração de 6,4% do PIB brasileiro neste ano. Segundo ela, os impactos serão grandes porque as medidas de isolamento social alcançaram o setor de serviços, que representa mais de 70% do PIB pela ótica da oferta, além de 70% dos empregos existente no país.
Medidas de isolamento deixaram o comércio fechado por semanas em São Paulo.. Bruno Villas Bôas