As ações dos Estados Unidos dispararam para o nível mais alto em relação aos bônus soberanos em uma geração, em meio ao nervosismo crescente de alguns investidores com as altas avaliações das gigantes de tecnologia e de outras ações em Wall Street.

Uma sequência histórica para as ações dos EUA, que alcançaram um novo recorde na quarta-feira (22), reduziu o chamado rendimento futuro de lucros – os lucros esperados enquanto porcentagem dos preços das ações – do índice Standard & Poor’s 500 (S&P 500) para 3,9%, segundo dados da Bloomberg. Ao mesmo tempo, uma queda dos Treasuries elevou os rendimentos dos títulos de 10 anos para 4,65%.

Isso significa que a diferença entre os dois, uma medida do chamado prêmio de risco das ações – a compensação extra para um investidor pelo risco de ter ações – entrou em território negativo, atingindo um nível visto pela última vez em 2002, durante o boom e o colapso das empresas pontocom.

“Os investidores estão efetivamente dizendo: ‘Quero ter essas empresas de tecnologia dominantes e estou preparado para fazer isso sem muito prêmio de risco”, diz Ben Inker, chefe adjunto de alocação de ativos da gestora de recursos GMIO. “Acho que é uma atitude maluca.”

Segundo analistas, as altas avaliações das ações dos EUA, rotuladas como “a mãe de todas as bolhas”, são resultado dos gestores de fundos clamando por exposição ao crescimento econômico e dos lucros corporativos do país, bem como uma crença entre muitos investidores de que eles não podem arriscar e deixar as ações das chamadas “Sete Magníficas” fora de suas carteiras.

“As perguntas que estamos recebendo dos clientes são, por um lado, preocupações com a concentração do mercado e o quão esticado o mercado se tornou”, diz Inker. “Mas, por outro lado, as pessoas estão perguntando se não deveríamos simplesmente ter essas empresas dominantes porque elas vão dominar o mundo.”

O prêmio de risco das ações tradicionalmente calculado às vezes é conhecido como “modelo Fed”, porque Alan Greenspan parecia fazer referência a ele em determinados momentos quando foi presidente do Federal Reserve (Fed).

Entretanto, o modelo tem seus detratores. Um artigo de 2003 de Cliff Asness, fundador da gestora de fundos AQR, criticou o uso dos rendimentos do Tesouro, classificando-os de um referencial nominal “irrelevante”, e disse que o risco de prêmio das ações fracassou como uma ferramenta preditiva dos retornos das ações…. saiba mais em Valor Econômico 26/01/2025