Entre julho de 2020 e maio deste ano, foram 11 aquisições, que somaram quase R$ 500 milhões. A média de um acordo a cada dois meses não deixa dúvidas sobre a disposição da Afya em ir além da educação na área de medicina, negócio que a fez chegar, em julho de 2019, a um IPO na Nasdaq.

Com essa leva de healthtechs, a ideia também é clara. Avaliado em US$ 1,1 bilhão, o grupo quer se tornar, em suas próprias palavras, uma espécie de “Microsoft dos médicos”, a partir de um pacote digital que inclui conteúdos e ofertas como um ERP para clínicas, prontuário eletrônico, telemedicina e prescrição digital.

Da teoria à prática, o plano resultou na criação, em abril, da Afya Digital Health, que reúne todas essas iniciativas. E um dos passos para adicionar mais receitas à unidade é conectar, por meio de ofertas B2B, os diversos elos da cadeia de saúde aos 265 mil médicos que já usam um ou mais serviços desse hub.

Já temos cerca de 40% da base total de médicos do País”, diz Virgilio Gibbon, CEO da Afya, em entrevista ao NeoFeed. “E entendemos que faz todo sentido para a industria de saúde usar a Afya como canal de acesso a esse público.”

Afya estratégia

Nessa estratégia para escalar o B2B, a Afya está concentrando boa parte das suas energias na indústria farmacêutica. No setor, a empresa já costurou 32 contratos, em uma carteira que inclui nomes como Pfizer, Bayer, Boehringer Ingelheim e Eurofarma.

“O acesso das farmas a esse público ainda é arcaico, com um representante batendo na porta do consultório”, diz Lélio de Souza, vice-presidente de inovação e serviços digitais da Afya. “Nós temos a agenda desse médico e sabemos o melhor momento de acessá-lo.”

A Afya aposta em outros formatos além da tradicional visita para que essas empresas estabeleçam esse diálogo para venderem seus medicamentos. Fruto da compra da PEBMED, que deu o pontapé nessa jornada de M&A, um desses canais é um portal de conteúdos produzidos por mais de 200 médicos e que contabiliza, em média, mais de 3,5 milhões de acessos mensais.

Entre outras alternativas, as indústrias farmacêuticas podem patrocinar esses conteúdos que incluem, por exemplo, a cobertura de congressos do setor. Da mesma forma, essas empresas têm a opção de subsidiar licenças para esses profissionais do iClinic, ferramenta de gestão clínica que compõe o hub.

“Nós também temos dados, em tempo real, de prescrições para diversas categorias de medicamentos, por região, especialidade e outras métricas”, observa Souza. “Essa informação é ouro e estamos começando a gerar relatórios e insights de inteligência, baseados em subscrição, a partir dessas estatísticas.”

Atualmente, 265 mil médicos usam uma ou mais soluões do hub de serviços digitais da Afya

O leque inclui ainda alternativas como a geração de demanda para essas companhias, por meio de um “Buscapé de medicamentos”, no qual os pacientes conseguem identificar medicamentos de menor custo e .. leia mais em NeoFeed 31/08/2022