Para Gilson Finkelsztain, passadas as eleições e havendo maior clareza sobre a política fiscal do próximo governo, estrangeiros devem voltar a investir no Brasil

Passada a incerteza com o cenário eleitoral, o alcance da esperada interrupção do ciclo de alta de juros e o mercado já vislumbrando uma queda da taxa Selic ano que vem, o presidente da B3, Gilson Finkelsztain espera que as ofertas públicas iniciais de ações (IPO, na sigla em inglês) voltem com mais força em 2023.

Muitas empresas aproveitaram o ano de 2022 para se preparar para vir a mercado, com os bancos trabalhando ferrenhamente para a agenda de abertura de capital, com incertezas se dissipando, passando o inverno europeu e eleição no Brasil e se tendo mais clareza sobre a política monetária do país. Essa agenda de IPOs pode voltar forte no início do ano que vem”, disse Finkelsztain à Agência Trademap durante congresso MKBR22, promovido pela B3 e pela Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais) nesta terça-feira (20).

Atualmente, há duas ofertas de ações subsequentes (follow-on) em andamento neste momento, da locadora de caminhões e máquinas agrícolas Vamos (VAMO3), que pretende captar até R$ 1,05 bilhão, e da Iguatemi (IGTI3) , de shopping centers), que pretende levantar até 815 milhões.

No ano passado, entre IPOs e follow-ons, houve 72 operações, que movimentaram quase R$ 128,1 bilhões. Em 2022, foram registradas 15 ofertas, que totalizaram R$ 49,7 bilhões, neste caso, todas subsequentes.

O mercado espera que as empresas que adiaram as aberturas de capital em 2021 e 2022, como Kalunga e BRK Ambiental, sejam as primeiras da fila nessa retomada.

Finkelsztain acredita que, assim que houver maior clareza sobre a política de responsabilidade fiscal e a equipe econômica do próximo governo, além de um cenário mais claro a respeito do efeito da política monetária, com a inflação voltando a convergir para a meta ano que vem, o Brasil pode se diferenciar dos mercados emergentes.

“Acho que as ações brasileiras estão baratas, e o investidor estrangeiro vai voltar quando as coisas se acalmarem”, diz.

No ano, o fluxo de investimento estrangeiro para a Bolsa ainda é recorde e soma R$ 86,7 bilhões de saldo positivo, entre recursos direcionados para as compras de papéis no mercado secundário e ofertas de ações, segundo dados da B3. Em setembro, até o dia 16, porém, o saldo na Bolsa estava negativo em R$ 284,5 milhões.

O presidente da Bolsa afirmou, durante o evento, que historicamente as empresas brasileiras negociam com desconto, em média, de 20% em relação a seus pares globais, mas que a diferença atual está muito maior, chegando 60%.

O presidente da Bolsa lembra que o preço de commodities ainda está alto e, em um cenário de inflação sob controle e um governo fiscalmente responsável, será possível ter uma “lua de mel” no início do próximo governo.

Nesse contexto as fintechs, como o TradeMap, tem um papel fundamental na educação financeira dos investidores brasileiros. “Vocês fazem um papel fundamental de ajudar na educação financeira, no esclarecimento do investidor “, destaca Finkelsztain.

O presidente da B3 ressaltou o amadurecimento do comportamento dos investidores pessoas físicas desde a pandemia. “Temos cinco milhões de pessoas físicas que não estão saindo da Bolsa. Eles estão trocando de produto, mas não estão indo embora, e isso se deve muito às ferramentas de educação financeira e ao acesso à informação e ao esclarecimento sobre o mercado “, disse… Leia mais em trademap. 20/09/2022