A digitalização do agronegócio, que começou “dentro da porteira” e levou para o campo novidades como agricultura de precisão, estratégias de combate a pragas e mapeamento do plantio com drones, agora avança também fora dos limites das propriedades rurais. Crescem os investimentos em negócios que funcionam como marketplaces voltados para o setor.

São plataformas de vendas semelhantes às utilizadas pelos shoppings virtuais já consolidados no varejo, mas especializadas em produtos e insumos para produtores rurais, como sementes, fertilizantes e ferramentas. Ainda é possível encontrar crédito e outros serviços como previsão meteorológica e gestão da safra.

Levantamento da Distrito, plataforma que reúne dados de negócios de base tecnológica, mostra que das 296 start-ups do setor agrícola — chamadas de agtechsexistentes no país, 35 são marketplaces.

Elas receberam no ano passado um investimento de US$ 27,6 milhões, o segundo maior montante do nicho, só ficando atrás de start-ups que trabalham com agricultura de precisão, que são 114 e somam US$ 85,6 milhões em aportes financeiros.

— Há um oceano de oportunidades digitais no agro. Com marketplaces específicos para o setor, pequenos e médios produtores, mesmo que estejam numa região mais isolada do país, passam a ter acesso a ferramentas e serviços que nem sabiam que existiam, e aumentam sua produtividade — diz André Pimentel, sócio da Performa Partners e especialista em gestão.

Agro é digital

Receita quase quintuplica

O lance mais recente neste novo mercado foi dado pelo banco Itaú BBA, no início de abril, que fez uma proposta para se tornar sócio da Orbia, um dos maiores ecossistemas agro do país, que tem como um dos fundadores a gigante alemã Bayer. O banco fez uma oferta para ficar com 13% do negócio, que depende da aprovação de autoridades reguladoras.

O valor da transação não foi revelado, mas mostra o interesse crescente nesse tipo de plataforma, que tem apresentado números robustos. As vendas da Orbia, por exemplo, saltaram de R$ 200 milhões, em 2019, para R$ 930 milhões, em 2021. Este ano, devem chegar a R$ 3 bilhões.

A Orbia nasceu como um programa de fidelidade na Bayer, em parceria com a Bravium, empresa de tecnologia e inovação. Ao adquirir produtos da Bayer, os clientes ganham pontos e trocam por experiências como viagens e participação em eventos, por exemplo. Desde então, outras duas empresas se tornaram acionistas da Orbia: a Yara Fertilizantes e agora o Itaú BBA.

Com isso, o marketplace passou a oferecer commodities e insumos. Atualmente são 190 mil produtores rurais cadastrados na plataforma, além de distribuidores e parceiros, que oferecem serviços de gestão, mapeamento de pragas, boletins meteorológicos e crédito. A Orbia já fincou sua bandeira também na Argentina, México e Colômbia, com o mesmo modelo de negócios.

— Agora estamos presentes no ciclo inteiro do produtor. Com a entrada do Itaú BBA, se a operação for aprovada pelos reguladores, vamos ampliar nossa capacidade de oferecer crédito — diz Ivan Moreno, presidente da Orbia.

A Lavoro, empresa do setor de distribuição de insumos agrícolas que tem o Pátria Investimentos como sócio, está turbinando seu marketplace… leia mais em O Globo 17/06/2022