O presidente da Alpargatas, Roberto Funari, afirmou nesta segunda-feira (02) que a companhia vai continuar olhando fusões e aquisições em áreas digitais. A aquisição mais recentemente anunciada pelo grupo, dono das marcas Havaianas e Osklen, foi da empresa de desenvolvimento de softwares Ioasys, em maio.

“No longo prazo, nosso interesse é construir um portfólio de marcas e modelo de negócio bastante atrativos. Fizemos movimento de desinvestimento nos últimos dois anos. Vamos continuar olhando [para fusões e aquisições] na parte de soluções digitais”, disse Funari.

Segundo ele, a empresa trabalha no desenvolvimento e negociação de uma transação de médio prazo que deve auxiliar na consolidação das marcas.

O executivo também afirmou que a companhia deve seguir investindo em tecnologia em suas plantas fabris, entre elas a de Santa Rita, na região metropolitana de João Pessoa (PB), onde fabricava itens da Mizuno e que está sendo completamente revertida para produzir os produtos de Havaianas. “Prevemos aumento de investimentos e eles dando retorno no médio prazo. Estamos ampliando nossa capacidade.”

Retomada
A companhia está confiante com a retomada do comércio e dos serviços. No segundo trimestre, a companhia registrou R$ 1,09 bilhão de receita, o dobro da média registrada historicamente pela companhia para o período.
A Havaianas, principal marca do grupo, teve um crescimento de 72% na receita líquida no mercado interno, para R$ 520 milhões, com 46,9 mil pares vendidos, 54,9% mais do que um ano antes. No exterior, a receita saltou 63,4%, para R$ 516, 4 milhões, com avanço de 73,7% no volume de pares, que chegaram a 11,2 mil.

Houve, porém, um recuo de margem Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de 2 pontos percentuais ante o segundo trimestre de 2020, para 20,2%. De acordo com o diretor de finanças Julian Garrido, o recuo “não foi uma surpresa” e melhorias devem vir nos próximos trimestres. Por trás da queda, diz ele, há fatores de câmbio, elevação de preços de matérias-primas e custos e o desinvestimento da Mizuno por trás da redução.

“Vemos evolução positiva com variações temporárias, nada que nos tire da estrutura positiva”, afirmou, destacando que as estratégias de RGM (gestão de crescimento de receita, na sigla em inglês) estão ajudando a mitigar o aumento de custos de produção.

Funari afirmou que apesar da inflação de custos e do preço de matéria-prima, o modelo é da gestão da Alpargatas é de crescimento com elevação de margem e está sustentável, com base em três alavancas: preço, mix de canal e mix de produtos.

“Acreditamos que o segundo semestre tenha dinâmica diferente. Historicamente as margens e volumes são maiores no Brasil [nesse período]. E as margens internacionais, que normalmente são negativas, não devem ser assim pelas mudanças estruturais que fizemos, embora esperamos uma redução ante primeiro semestre”, explicou.

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Ele afirmou que a empresa deve seguir investindo fortemente em marketing e construção de marca, que deve trazer mais resultados para a operação no mercado nacional no segundo semestre.

No exterior, Funari afirmou que a saúde da marca Havainas continua muito forte nos mercados batizados de Big Bets (Estados Unidos, Europa e China). “Nos Estados Unidos e Europa, o grande drive realmente foi a reabertura do comércio, o que nos fez avançar em clientes físicos e omnichannel [multicanalidade]”, disse. A empresa fechou, por exemplo, parceria para venda nas lojas da espanhola Zara.

Na frente on-line, a operação internacional também seguiu crescente. “Estamos abrindo novos canais B2B (venda entre empresas) nos Estados Unidos”, disse citando a parceria com a Target e com o Walmart.com. A companhia já vende itens da Havaianas na Amazon… Leia mais em canalpecuarista. 02/08/2021