Os agentes de inteligência artificial, sistemas autônomos criados para realizar tarefas específicas sem intervenção humana, estão em alta. E uma startup brasileira está aproveitando a tendência. A Hera.Build oferece customização e personalização de tarefas, como atendimento ao cliente, acompanhamento de reuniões e criação de conteúdo para empresas, com o objetivo de gerar ganho operacional.

As fundadoras são Bárbara Vallim (CEO), com 15 anos de experiência em tecnologia e passagem por empresas de diversos portes e setores, e Suzana Oliveira (CRO), que traz 24 anos de experiência na área, com um forte background comercial adquirido em empresas como Oracle e HP.

As fundadoras se conheceram em 2021, quando trabalharam juntas na startup Twilio. Vallim teve a ideia para a nova empresa após ser desligada em um layoff, em dezembro de 2023. Antes disso, ela havia tido um negócio na área de saúde, mas a empresa não teve sucesso. A vontade de continuar empreendendo se manteve viva, e a demissão serviu como um impulso para explorar o campo da inteligência artificial.

Inicialmente, a plataforma era voltada para o setor de turismo: o agente de IA se conectava a fontes do mercado para sugerir passagens aéreas e roteiros de viagem. Vallim apresentou a ideia para sua antiga colega de trabalho durante um almoço, onde recebeu a provocação: “Isso pode ser aplicado a muitos outros nichos”.

“Entrou a cabeça do corporativo. Tem várias dores dos negócios que a IA generativa apresentada poderia resolver. Durante o almoço, fomos pensando e criando uma rede que poderíamos cobrir rapidamente”, relembra Oliveira. O MVP ficou pronto em 45 dias, e elas conversaram com potenciais clientes para entender o fit com o mercado.

A dupla desenvolveu um framework baseado em três pilares: a personalidade do agente, o escopo das funcionalidades e as regras de comportamento para evitar alucinações, além dos dados. A plataforma conta com um construtor de agentes low-code, que podem ser aplicados em diferentes cenários. O negócio foi concretizado com um investimento inicial próprio de R$ 500 mil.

“Nosso produto foca em abstrair o que é técnico para evitar a aversão dos usuários de fora dessa área. Entendemos que assim nós diminuímos a complexidade de lidar com uma nova tecnologia”, pontua Vallim.

Com a tecnologia da Hera.Build, empresas podem desempenhar funções como atualizar CRM, gerar mensagens de acompanhamento de clientes no WhatsApp, fornecer informações sobre políticas da empresa aos funcionários, criar conteúdo para e-mail marketing, vídeos para o YouTube e conteúdos educacionais. A plataforma também oferece funcionalidades para analisar reuniões internas ou com clientes e criar uma base de conhecimento compartilhada, integrando todas as áreas da empresa.

É possível criar um agente personalizado sem necessidade de conhecimento técnico, ou optar pelos agentes e aplicativos pré-criados pela startup. A versão de entrada é gratuita e oferece 20 créditos para uso na plataforma. Os planos pagos variam de US$ 24 (R$ 140) a US$ 200 (R$ 1.166).

A Hera.Build também disponibiliza a opção de desenvolver projetos customizados para empresas que apresentarem maior complexidade na integração com outros sistemas, com valores anuais que vão de US$ 5 mil (R$ 29 mil), para pequenas empresas, a US$ 45 mil (R$ 262,5 mil), para grandes empresas.

A tecnologia já é usada por 10 clientes, como Stratlab, Potiguar e Odontoprev. Na companha de planos odontológicos, um agente com treinamento de vendas foi integrado ao e-commerce para interagir com os usuários, gerando um aumento de 63% na receita em dois meses, com potencial de crescimento de 84% em um ano.

A meta para o primeiro ano de operação é faturar US$ 1 milhão e alcançar 160 clientes, dos quais 64% devem ser grandes empresas. A Hera.Build é composta por uma equipe de seis mulheres, algo que, segundo as fundadoras, não foi planejado. “Aconteceu naturalmente, mas assim podemos pavimentar o caminho para que outras mulheres possam trilhar essa jornada mais facilmente”, afirma Oliveira.

A Hera.Build iniciou conversas com investidores brasileiros e estrangeiros para levantar a sua primeira rodada, um seed, com o objetivo de desenvolver produtos e expandir a equipe para atender a demanda. “Foi uma estratégia nossa iniciar bootstrap para ter certeza do que íamos executar. Tem sido um movimento positivo, a maior preocupação deles é a sustentabilidade a longo prazo, mas estamos seguras com a nossa estratégia e nossos diferenciais”, conclui Vallim… leia mais em PEGN 12/03/2025