A compra de uma divisão da farmacêutica americana Merck pela alemã Bayer, no valor de US$ 14,2 bilhões, anunciada ontem, é o mais recente caso da onda de grandes fusões e aquisições que tem movimentado as economias desenvolvidas nos últimos meses.

 Segundo levantamento da consultoria Dealogic, os valores envolvidos nesse tipo de negócio já são os maiores desde 2007, antes da crise.

 Entre janeiro e abril deste ano, as fusões e aquisições acima de US$ 10 bilhões totalizaram US$ 318,6 bilhões. O número é 75% maior do que os US$ 182 bilhões registrados em igual período de 2013.

 Se considerados todos os tipos de fusões e aquisições, o valor chega a cerca de US$ 1,2 trilhão –também o maior desde 2007 e 42% mais alto que no ano passado.
Cerca de 60% desse valor é de negociações envolvendo pelo menos uma empresa dos Estados Unidos.

 “Isso sugere que as empresas americanas estão otimistas sobre as perspectivas de crescimento e que podemos esperar um ressurgimento liderado pelos EUA nesse tipo de atividade”, avalia Sriram Prakash, coordenador de pesquisa sobre fusões e aquisições da consultoria Deloitte.
Para Devon Bodoh, especialista em fusões e aquisições da consultoria KPMG, o aumento nesse tipo de atividade é, certamente, um bom sinal de recuperação da economia americana.

 “O número de investidores de fora dos EUA à procura da relativa estabilidade dos ativos americanos aumentou muito diante de algumas dificuldades em outros países.” “Para mim, é mais do que uma onda’. O próximo ano deverá ser um marco para esse tipo de negócio nos EUA.” Entre os negócios mais expressivos de 2014, estão a compra, por US$ 45,2 bilhões, da operadora de TV a cabo americana Time Warner Cable pela Comcast e a fusão das duas maiores produtoras de cimento do mundo, a francesa Lafarge e a suíça Holcim, no valor de US$ 40 bilhões.

 A compra do WhatsApp pelo Facebook, por US$ 19 bilhões, também entra na conta deste ano.
LIDERANÇA Segundo a Dealogic, o setor de telecomunicações foi o que mais contribuiu para o aumento do valor total das fusões e aquisições no início do ano, seguido do setor de saúde e tecnologia.

 O quadro, no entanto, ainda pode mudar se a gigante farmacêutica americana Pfizer conseguir comprar a britânica AstraZeneca.

 A mais recente oferta da Pfizer, de US$ 106 bilhões, foi recusada pelo laboratório britânico na semana passada.

 A compra da divisão de produtos de consumo da Merck pela Bayer, anunciada ontem fará da empresa alemã a segunda maior fabricante do mundo de remédios sem prescrição e a líder no continente americano.

 Para Prakash, da Deloitte, além da confiança, os níveis recordes de caixa nas grandes empresas foram “determinantes para impulsionar as fusões e as aquisições”.

 “Há ainda uma grande quantidade de dinheiro em caixa esperando para ser usada”, afirmou Bodoh.

Fonte: Folha de S.Paulo | Autor: Isabel Fleck | Leia mais e, luchefarma 07/05/2014