Uma combinação de redução de 64 mil usuários, queda no tíquete médio e aumento na sinistralidade no primeiro trimestre fez a operadora de planos de saúde Hapvida perder R$ 9,4 bilhões em valor de mercado ontem, após suas ações  recuarem 16,84% na B3 . Foi a maior queda entre os papéis que compõem o Ibovespa.

O valor de mercado da companhia combinada – Hapvida e NotreDame Intermédica (GNDI) concluíram sua fusão em fevereiro – passou a R$ 46,6 bilhões. Na segunda-feira, o grupo valia R$ 56 bilhões em bolsa. A desvalorização de ontem também é a maior desde a estreia da Hapvida na B3, em abril de 2018, quando operava de forma independente.

Já havia uma expectativa do mercado de que os números do grupo no primeiro trimestre seriam negativos, mas o balanço  trouxe indicadores piores, principalmente, na base de usuários. A companhia combinada vendeu 524 mil novos planos de saúde, mas perdeu 588 mil usuários, provocando com isso uma perda líquida de 64 mil clientes (sendo 59 mil da Hapvida e 5 mil da Intermédica). Do volume total de perdas, 431 mil vieram de cancelamentos e 157 mil provocados por demissões nas empresas que contratam os convênios médicos.

Trata-se de um cenário complexo diante da conjuntura macroeconômica e dos índices de reajustes previstos para os planos de saúde nos próximos meses. Na modalidade individual, que representa 30% do faturamento da Hapvida e 12% da receita da GNDI, o aumento esperado gira na casa dos 15%. No plano para pequenas e médias empresas (PME), as operadoras estão promovendo reajustes entre 15% e 19%. Já no plano corporativo, que concentra a maior parte dos convênios, o aumento médio foi de 17% em fevereiro, mas hoje as negociações vão de 20% e 30%.

Os resultados do trimestre “aliados às pressões macroeconômicas à frente, aumentam a incerteza sobre o momento de ponto de inflexão”, escreveram em relatório os analistas do Credit Suisse. O título do relatório do Itaú BBA faz questionamento semelhante: “Início fraco de 2022, mas o pior já passou?”

A expectativa da Hapvida é que o volume de usuários de convênios médicos volte a crescer, nos patamares históricos, no segundo semestre. Segundo Jorge Pinheiro e Irlau Machado, copresidentes da companhia combinada, as vendas já apresentaram melhoras substantivas em março e a expectativa é otimista diante da redução das demissões, em especial, no varejo, nos últimos meses. “Tivemos um primeiro trimestre desafiador com ômicron, antecipação das influenzas [contágios pelo vírus da gripe] e custo operacional remanescente do quarto trimestre. Mas estamos muito animados com a melhora nas vendas em março, sinergias com as adquiridas, integração das companhias [fusão] e precificação mais adequada”, disse Machado.

Os executivos destacaram que os reajustes de preço dos planos de saúde serão positivos. No primeiro trimestre, o tíquete médio foi impactado negativamente pelo reajuste negativo dos planos de saúde individuais, determinado pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) no ano passado, e também devido às aquisições de operadoras que trabalhavam com menor valor de mensalidade.

Segundo Pinheiro, outra frente que deve trazer ganho é a oferta de planos de saúde com cobertura nacional – um dos principais atrativos da fusão entre Hapvida, que tem forte atuação no Norte e Nordeste, e Intermédica, com grande presença no Sudeste. …… leia mais em Inteligência Financeira 18/05/2022