O ambiente de alta dos juros e inflação elevada travou novas operações no mercado de capitais e acabou respingando também no de fusões e aquisições. De janeiro a setembro, o nível de transações registradas entre empresas no Brasil caiu 2% na comparação com o ano passado, para um total de 1.136 operações, segundo relatório da Kroll com dados do mês passado.

A expectativa é que o ano termine com patamar semelhante ao de 2021, de 1.609 transações. A estabilidade é avaliada como positiva quando se leva em conta o fato de que nenhuma abertura de capital (IPO, na sigla em inglês) saiu do papel neste ano e as ofertas subsequentes de ações somam hoje menos da metade da cifra do ano passado, mesmo se incluída a capitalização da Eletrobras, de cerca de R$ 30 bilhões. Também aparece melhor do que no exterior – nos EUA, o mercado de fusões e aquisições teve o pior terceiro trimestre da última década.

Operações devem engrenar apesar do risco de recessão global

A previsão é que os negócios engrenem a partir do ano que vem. Apesar do risco de recessão global, o Brasil seria destaque por estar mais próximo de reduzir juros e já ter superado o período eleitoral, segundo Alexandre Pierantoni, responsável por finanças corporativas da Kroll. “Podemos ter uma nova mudança de patamar, com crescimento de dois dígitos.”

Outro estudo conduzido pela consultoria mostra como o valor das empresas da América Latina se deteriorou nos últimos meses, o que poderia ser um estímulo para transações. Por diferentes métricas, houve redução dos múltiplos que medem o valor das empresas em todos os setores no primeiro semestre.

No segmento de bens de consumo e vestuário, por exemplo, os múltiplos caíram pela metade no setor: de um EV/Ebtida de 12,5x em setembro de 2020 para 6,2x em junho deste ano considerando a mediana das companhias.. Leia mais em estadão 13/10/2022