Discreta fabricante mineira de bebidas, a Tial surpreendeu com a aquisição da Do Bem, marca de sucos que fazia parte do portfólio da Ambev. Mas esse movimento é só o primeiro de uma série que a empresa vem desenhando para ganhar presença nacional e chegar a seu primeiro bilhão em receita.

Controlada pelo grupo frigorífico Pif Paf desde 2005, a Tial tem um portfólio de 51 produtos, desde os concentrados aos sucos e água de coco, com capacidade de produção de 96 milhões de litros por ano – vendidos no Brasil e exportados para países como Estados Unidos, Japão e Portugal. No mercado nacional, no entanto, as vendas estão concentradas regionalmente, no Sudeste.

“Iniciamos a expansão nas regiões Sul e Centro-Oeste e queremos ter presença nacional até 2027”, diz Victor Wanderley, CEO da Tial, ao Pipeline.

Até lá, a companhia espera passar do faturamento atual de R$ 400 milhões para R$ 1 bilhão. Para mais que dobrar de tamanho, a Tial já negocia outras aquisições. “O principal é a expansão orgânica, mas cerca de 30% deve vir de aquisições, joint ventures e parcerias que já estão no nosso pipeline”, conta Wanderley.

A Ambev já tinha feito um esforço de distribuição da marca Do Bem, o que vai ajudar nos planos da nova dona. Fundada pelo empreendedor Marco Leta, a Do Bem foi vendida à Ambev em 2016, em meio à estratégia do grupo de avançar em categorias não-alcoólicas.

Mas a marca era a única de sucos nesse portfólio, que passa a ser concentrado em refrigerantes, isotônicos, água e energético – que vendem em maior volume. Outros grupos cervejeiros fizeram movimento parecido em não-alcoólicos. A Heineken, por exemplo, que passou a ser dona da Itubaína após a compra da Brasil Kirin, apostou em mais duas marcas de refrigerantes, a Fys e a Clash’d, mas sem sucos naturais.

Nessa prateleira, a maior movimentação recente foi da dinamarquesa Carlsberg. Em julho de 2024, a companhia comprou a britânica Britvic – que, no Brasil, é dona das marcas de sucos Maguary e Dafruta, e lá fora é mais conhecida pelo Robinsons Fruit Shoot. Um ano antes, a Britvic adquiriu a operação de bebidas da brasileira Globalbev, que incluiu os sucos Juxx, energéticos Extra Power e Flying Horse, e o smoothie de açaí Amazoo, agora sob a Carlsberg.

Mas um dos principais concorrentes da Tial é a Del Valle, que pertence ao grupo Coca-Cola e, com isso, tem vantagem logística. Na expansão, a companhia mineira fundada em Visconde de Rio Branco vai apostar na distribuição e continuar centrada nas categorias saudáveis ao incorporar novas marcas.

“Nossa missão é estar sempre na linha de saudável, sustentável e acessível. Queremos trazer saudabilidade para uma parcela maior da população brasileira”, diz o CEO. A aquisição da Do Bem foi assinada dois dias depois do Natal e aguarda aprovação do Cade… leia mais em Pipeline 07/01/2025