Quando o executivo-chefe (CEO) da Toshiba, Taro Shimada, anunciou o plano da empresa de se dividir em duas em uma assembleia geral extraordinária na quinta-feira, de muitas maneiras ele era apenas o mensageiro.

Quando o plano de partição foi revelado há quatro meses, Shimada era um vice-presidente sênior que praticamente não desempenhou nenhum papel na elaboração da proposta. Mas no que tem sido um período turbulento para a empresa, uma vez que continua atolada em um cabo de guerra com investidores ativistas, ele se viu presidindo a reunião – a mais recente a passar pela porta giratória dos CEOs da Toshiba.

A empresa passou por três líderes em 2021, demonstrando até que ponto a Toshiba se desviou do curso. Agora, o conglomerado industrial japonês, há muito problemático, encontra-se de volta à estaca zero em sua jornada para uma reforma radical.

O plano de cisão teria criado duas empresas abertas: uma focada em eletrônicos, a outra em infraestrutura. O comitê de revisão estratégica da empresa, formado por cinco diretores externos, elaborou a proposta.

A empresa acreditava que a divisão levaria a uma tomada de decisão mais rápida e a um valor comercial tangível, mas os acionistas reagiram.

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A 3D Investment Partners, com sede em Cingapura, disse que não apoiaria o plano de partição logo após o anúncio. A 3D convocou uma assembleia extraordinária de acionistas, argumentando que a Toshiba não considerou adequadamente a opção de colocar-se à venda para um fundo de private equity e, a partir daí, fechar o capital.

Os acionistas também votaram contra a proposta da 3D, mas muitos dos principais investidores estão pressionando para que a Toshiba pense em fechar o capital.

O principal acionista, o Effissimo Capital Management, também sediado em Cingapura, acredita que a Toshiba estabelecerá “uma base gerencial sólida” substituindo a atual mistura de acionistas por “um número específico e limitado de investidores estratégicos e financeiros”.

A Farallon Capital Management, gestora de ativos dos Estados Unidos, afirma que fechar o capital é a melhor opção para a Toshiba e insta a empresa a começar a solicitar ofertas de compra.

“Se o plano de partição for eliminado agora, a Toshiba deve considerar mais uma vez se deseja permanecer listada sob o peso de investidores altamente ativos ou se avança com a deslistagem”, disse uma fonte de um importante gestor de ativos japonês.

O fundo de ações britânico CVC Capital Partners propôs em abril de 2021 fechar o capital da Toshiba, oferecendo um prêmio de 30% pelas ações da companhia. No entanto, essas negociações foram encerradas.

Ao fechar o capital sob um pequeno número de investidores, a Toshiba não terá mais que lidar com atritos de ativistas. Mas os desafios permanecem, sendo um dos maiores a lei japonesa recentemente aprovada que regulamenta fortemente o investimento estrangeiro em indústrias sensíveis….saiba mais em Valor Econômico 26/03/2022