A Equatorial – que na sexta-feira passada (23) anunciou a aquisição da Celg-D, a subsidiária da Enel que atua no estado de Goiás – tem potencial para ver o seu valor de mercado subir em 15% graças à transação, segundo estimativa feita pelo Bank of America, em relatório distribuído a clientes.

A Equatorial comprou a Celg-D por R$ 1,7 bilhão e, no acordo, também aceitou assumir a dívida líquida da empresa, de R$ 5,7 bilhões, que será paga em 12 meses após o fechamento da operação.

Pelas contas dos analistas do BofA, Arthur Pereira e Gustavo Faria, a compra feita pela Equatorial pode adicionar R$ 5 bilhões em valor de mercado para a companhia, o que representa 15% de aumento em relação a quanto valia a empresa na véspera do anúncio do negócio, na quinta-feira do dia 22 de setembro.

De lá até as 16h30 desta segunda-feira, porém, a ação da Equatorial teve valorização de 6,7%, impulsionada principalmente pela aquisição.

Aquisição da Equatorial (EQTL3)

Segundo os analistas do banco americano, a estimativa de criação de valor para a Equatorial leva em consideração que a Celg-D tem uma base de ativos regulatórios (RAB) de R$ 7,5 bilhões – indicador que serve para mensurar os custos e investimentos assumidos pela companhia enquanto presta serviços públicos após as concessões feitas.

Além disso, assume que 50% dos passivos da Celg-D estão fora dos balanços e que nenhuma compensação será feita pelo governo goiano em relação a litígios antigos. A Celg-D atende 7 milhões de pessoas no estado e atualmente é controlada pelo grupo italiano Enel.

O acordo de compra, para ser finalizado, ainda depende de aprovações regulatórias, incluindo um plano de recuperação do regulador, a Aneel. “Em nossa visão, a aquisição suporta nossa recomendação de compra para a Equatorial, especialmente devido à sua opcionalidade de crescimento e histórico de fusões e aquisições”, escreveram os analistas do banco, no relatório.

Na avaliação do BofA, a dívida assumida pela Equatorial não chega a ser um problema, a julgar pela alavancagem que a empresa terá após incorporar a Celg-D.

A alavancagem, vale lembrar, é um indicador que busca medir o quanto o que a empresa gera de caixa é capaz de cobrir o que há de dívida.

O mercado calcula o indicador dividindo a dívida líquida pelo Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) de um ano. Quanto maior o resultado, pior, pois quer dizer que a empresa precisaria de mais anos para gerar caixa suficiente para pagar a dívida.

Segundo cálculos do BofA, com a dívida assumida pela Equatorial, a empresa teria uma alavancagem de 3,5 vezes, ou seja, precisaria de 3,5 anos para que seu Ebitda cobrisse a dívida líquida. Trata-se de um resultado “confortavelmente abaixo” do padrão de 4,5 vezes, comparam os analistas.

Para os analistas, porém, há dois principais riscos envolvidos na operação.

O primeiro é relativo à Funac, um fundo criado pelo governo goiano para cobrir eventuais passivos de antes de 2015, anteriores à privatização da Celg-D, pois a estimativa do BofA não incorpora nenhuma compensação por parte do governo do estado para o passivo de fora do balanço. O banco estima 50% dos R$ 5 bilhões de passivos como perdas, mas que podem ser parcialmente compensados por créditos de R$ bilhões.

O segundo risco refere-se à RAB, pois cada corte de 10% nos investimentos feitos nos últimos quatro anos poderia se traduzir em uma diminuição de R$ 500 milhões na criação de valor para a Equatorial…. leia mais em Trade Map 26/09/2022