Uma lista crescente de multinacionais anunciou a saída da Rússia por conta da invasão à Ucrânia na última semana. Com sanções econômicas que desencadearam uma crise financeira no país e a possibilidade de colapso reputacional, empresas estão abandonando uma base de investimentos feitos no país desde a reabertura econômica em 1991.

A Rússia passou a receber investimentos estrangeiros com o fim da União Soviética, tornando-se uma potência na exploração de recursos naturais valiosos, como petróleo e gás natural.

Em mais de 30 anos, a Rússia tornou-se referência na indústria petroquímica e um polo importante para os setores automotivo e de commodities agrícolas.

BP

Três gigantes do petróleo anunciaram retirada de investimentos da Rússia por conta do conflito no Leste Europeu.

A BP foi a primeira a confirmar que abandonaria uma participação de 19,75% na gigante petrolífera russa Rosneft, um movimento que pode custar à empresa britânica mais de US$ 25 bilhões.

“Fiquei profundamente chocado e triste com a situação que se desenrola na Ucrânia e meu coração está com todos os afetados. Isso nos levou a repensar fundamentalmente a posição da BP com a Rosneft”, disse o presidente-executivo da BP, Bernard Looney.

As empresas que deixaram a Rússia

Shell

Em seguida, a Shell anunciou que sairá de todas as suas operações russas, incluindo uma grande usina de gás natural liquefeito (GNL), a Sakhalin 2.

A produção da usina é de cerca de 11,5 milhões de toneladas de GNL por ano, que é exportado para importantes mercados, incluindo China e Japão. A Shell detém uma participação de 27,5% no negócio operado pela gigante russa de gás Gazprom.

A petroleira também vai retirar investimento do gasoduto Nord Stream 2, projeto embargado pela Alemanha em represália à invasão da Ucrânia. Segundo a Bloomberg, a renúncia nos dois projetos trará uma perda de US$ 3 bilhões para a empresa.

Exxon

Mais uma gigante do petróleo, a Exxon anunciou que também vai descontinuar suas operações – avaliadas em mas de US$ 4 bilhões – no campo de Sakhalin-1 e que não fará novos investimentos na Rússia.

A Exxon opera três grandes campos de óleo e gás com base na ilha de Sakhalin, como parte de um consórcio com empresas japonesas, indianas e russas.

Equinor

A norueguesa Equinor afirmou em nota ao g1 que manteve presença na Rússia por 30 anos, mas que “a continuidade da atividade no país se tornou insustentável” durante a guerra.

“A prioridade é a segurança de nosso pessoal. Por este motivo, iniciamos um processo de encerramento das atividades”, informou a empresa.

TotalEnergies

Outra gigante do setor energético, a francesa Total também tem investimentos pesados em gás natural no país, mas por ora anunciou apenas que não fará novos aportes para desenvolvimento de novos projetos na Rússia.

Em nota, a empresa apoia o alcance e a força das sanções implementadas pela Europa e condena a “agressão militar da Rússia contra a Ucrânia”.

“A TotalEnergies está mobilizada para fornecer combustível às autoridades ucranianas e ajuda aos refugiados ucranianos na Europa. (…) [A empresa] não fornecerá mais capital para novos projetos na Rússia”, diz o texto.

Maersk

A gigante de transporte marítimo Maersk anunciou que interromperá temporariamente todo o transporte de contêineres em direção ou partida da Rússia. A Maersk detém 31% da operadora portuária russa Global Ports, que opera seis terminais na Rússia e dois na Finlândia.

A medida tem impacto direto na logística de abastecimento da economia russa e no comércio internacional do país. A Maersk afirma que a medida não inclui alimentos, suprimentos médicos e humanitários.

A empresa destacou que a estabilidade e a segurança das suas atividades já estão sendo afetadas de forma direta e indireta pelas sanções internacionais à Rússia.

ONE

Outra grande empresa de transporte de contêineres, a Ocean Network Express (ONE) suspendeu transporte para a Rússia, tanto de chegada como saída.

“A aceitação de reservas de e para São Petersburgo, na Rússia, está suspensa com efeito imediato até novo aviso, enquanto avaliamos a viabilidade operacional”, disse a ONE, com sede em Cingapura, em um comunicado ao cliente na segunda-feira.

MSC e Hapag Lloyd

A empresa de transporte MSC interrompeu as reservas de carga para a Rússia, mas ainda aceitará alimentos e cargas humanitárias.

A companhia de navegação alemã Hapag Lloyd disse que suspendeu temporariamente as reservas para a Rússia e interrompeu as viagens para a Ucrânia.

Boeing

A fabricante de aeronaves suspendeu a manutenção e a assistência técnica para as companhias aéreas russas. A empresa também paralisou suas operações no campo de treinamento de Moscou.

“Conforme o conflito continua, nossos times estão focados em garantir a segurança dos colegas na região”, disse um porta-voz da empresa, de acordo com a Reuters.

Airbus

A fabricante europeia de aeronaves também anunciou sanções: interrompeu o envio de peças e o apoio a linhas aéreas russas – mas estava avaliando se seu centro de engenharia em Moscou poderia continuar oferecer serviços aos clientes locais.

Apple

A Apple interrompeu todas as vendas de produtos na Rússia em resposta à invasão russa da Ucrânia.

A empresa traçou uma série de ações em resposta à invasão, incluindo a interrupção de todas as exportações em seus canais de vendas no país. O Apple Pay e outros serviços foram limitados, disse a empresa.

A mídia estatal russa, RT News e Sputnik News, não está mais disponível para download na Apple Store fora da Rússia.

Adidas

A Adidas rompeu o contrato de patrocínio com a Federação Russa de Futebol. A marca alemã era a fornecedora oficial de material esportivo para a seleção russa.

“A Adidas suspendeu a parceria com a Federação Russa de Futebol com efeitos imediatos”, disse o porta-voz da empresa alemã, à agência de notícias AFP.

No mundo esportivo, a Rússia sofreu uma série de sanções por conta da invasão à Ucrânia. A Fifa suspendeu a Federação de Futebol da Rússia (RFU), proibindo o país de disputar as Eliminatórias para a Copa do Mundo do Catar – e consequentemente o próprio Mundial.

A decisão foi tomada em conjunto com a Uefa e envolve todas as seleções russas, incluindo seleções de base, masculinas e femininas, além dos clubes do país.

Além disso, o Comitê Olímpico Internacional (COI) divulgou um comunicado em que recomenda que atletas e oficiais da Rússia e de Belarus não sejam convidados para competições.

Daimler

A montadora alemã Daimler Trucks disse que congelaria suas atividades comerciais e fábrica na Rússia “com efeito imediato”, incluindo a parceria com a fabricante russa de caminhões Kamaz. A informação é da agência Reuters.

“Nossa cooperação com a Kamaz é de natureza puramente civil e só foi concluída com esse foco. Nesta cooperação, não é preciso dizer que sempre cumprimos rigorosamente todas as regulamentações de controle e sanções de exportação aplicáveis”, disse um memorando obtido pela agência.

A empresa havia adiantado o desconforto pelas redes sociais, em que disse estar “chocada” com a violência do confronto. “Vamos cumprir todas as medidas tomadas pelo governo alemão e pela UE”, disse a empresa.

Segundo a Reuters, a Mercedes-Benz também analisa opções legais para vender sua participação de 15% na Kamaz.

Renault

No setor automotivo, a Renault é a empresa com mais exposição à crise russa, mas já anunciou medidas de paralisação no país.

A empresa decidiu suspender operações em algumas de suas montadoras na Rússia por conta de “gargalos logísticos”, segundo a agência Reuters.

O banco Citibank informa que a Renault tira cerca de 8% de seus principais lucros do mercado russo e controla a Avtovaz, a maior montadora do país.

Volvo, Harley Davidson, GM e Jaguar Land Rover

As quatro empresas automotivas decidiram agir com embargos às vendas em território russo.

A montadora sueca Volvo suspendeu suas exportações para o país sem previsão de retorno. A divisão de caminhões da empresa também segue a decisão.

Em nota, a Volvo afirma que tomou a decisão por causa de “riscos potenciais associados ao comércio de material com a Rússia, incluindo as sanções impostas pela UE e pelos EUA”.

“A Volvo Cars não entregará nenhum carro ao mercado russo até novo aviso.”

A Harley-Davidson também suspendeu seus negócios e remessas de motos para a Rússia.

Mesmo caminho para a General Motors: estão suspensas todas as exportações de veículos para a Rússia sem prazo de reversão. A empresa não tem fábricas no país e vende apenas 3.000 veículos ao ano para os russos.

Nokian Tyres

A fabricante de pneus finlandesa Nokian Tires decidiu transferir a produção de algumas de suas principais linhas de produtos da Rússia para a Finlândia e para os Estados Unidos como preparação para possíveis sanções adicionais à Rússia.

A empresa disse à agência Reuters que nem todos os produtos fabricados na Rússia podem ser fabricados nas plantas de outros países e que nenhuma sanção está afetando os negócios russos por enquanto.

Cerca de 80% da capacidade anual de 20 milhões de pneus da empresa é fabricada na Rússia, onde a empresa tem 1,6 mil funcionários.

UPS, FedEx e DHL

As empresas americanas de entrega United Parcel Service (UPS) e a FedEx interromperam o serviço para a Rússia e a Ucrânia, por conta da invasão russa.

A alemã DHL suspendeu temporariamente os transportes na Ucrânia e passou a evitar o espaço aéreo ucraniano para suas operações.

Fundo soberano da Noruega

O maior fundo soberano do mundo, da Noruega, informou que decidiu vender seus ativos russos após a invasão à Ucrânia.

Dentro da carteira de US$ 1,3 trilhão do fundo norueguês há ações de cerca de 47 empresas e títulos do governo, de cerca de US$ 2,83 bilhões.

“Decidimos congelar os investimentos do fundo e iniciamos um processo de venda (da Rússia)”, disse o primeiro-ministro norueguês Jonas Gahr Stoere.

AerCap

AerCap Holdings AER.N, a maior empresa de leasing de aeronaves do mundo, disse que encerrará a atividade de leasing com companhias aéreas russas.

Segundo a Reuters, a empresa possui um portfólio de mais de 2 mil aviões e tinha cerca de 5% de sua frota em valor contábil líquido alugada para companhias aéreas russas no final de 2021.

Disney, Sony e Warner

As gigantes do entretenimento Disney, Sony Pictures e Warner suspenderam as estreias de seus filmes nos cinemas da Rússia.

A Disney atribuiu o embargo “à invasão não provocada à Ucrânia e à trágica crise humanitária” decorrente do conflito, e decidiu não rodar o lançamento ‘Red – Crescer é uma Fera’, da Pixar, no país.

A Sony afirma que a “ação militar que perdura na Ucrânia, a incerteza resultante e a crise humanitária provocada na região” justificam a suspensão do lançamento de Morbius nas telas russas.

A Warner Bros. deixará de exibir o novo “The Batman”, que tinha estreia marcada para sexta-feira (4).

Netflix, Facebook, Twitter e Microsoft

As empresas de tecnologia não anunciaram embargos propriamente ditos à Rússia, mas anunciaram medidas laterais.

A Netflix disse que não deve cumprir a lei de audiovisual da Rússia que exige a inclusão de 20 canais públicos para poder operar no país.

As demais empresas, que controlam redes sociais ativas na Rússia, decidiram limitar a divulgação de informações dos meios de comunicação afiliados ao governo russo… leia mais em G1 o1/03/2022