Se as gestoras de venture capital estão desacelerando os investimentos em startups, o corporate venture capital (CVC) segue com o vento a favor. A prova mais recente veio nesta quinta-feira, 2 de junho, com o lançamento de um fundo de R$ 100 milhões da MSW Capital para facilitar o investimento de grandes empresas em startups.

“O corporate venture capital está vivendo o primeiro ciclo de forte crescimento no Brasil enquanto o setor de venture capital está de mau humor”, diz Richard Zeiger, sócio da MSW Capital, em entrevista ao NeoFeed. “No CVC, quem está financiando os aportes são as grandes corporações. E elas sabem que precisam investir em inovação.”

O MSW MultiCorp II tem como cotistas BB Seguros, Moura Baterias e AgeRio (Agência Estadual de Fomento do Rio de Janeiro). Há negociações para a chegada de novos investidores. No radar estão empresas de saúde e do agronegócio. Segundo Zeiger, a captação de recursos deve ser concluída até o começo do ano que vem.

Para os próximos cinco anos, a MSW Capital, que também tem como sócio Moises Swirski, pretende realizar 10 investimentos em rodadas seed e Série A, com cheques entre R$ 2 milhões e R$ 15 milhões. Pelo perfil dos investidores, no alvo estão insurtechs e startups do setor de energia. “Se amanhã a gente contar com um investidor da área de saúde, vamos olhar para as healthtechs”, diz Zeiger.

Fundada ainda em 2000 como uma boutique de fusões e aquisições, a MSW Capital entrou no mundo de CVC a partir de 2015. Foi nesta época que a empresa herdou do Banco Espírito Santo, que faliu, o BR Startups, um programa que contava com o apoio de Microsoft e Qualcomm Ventures para realizar a compra de participações minoritárias em empresas de tecnologia.

O primeiro fundo, que tinha capacidade para investir R$ 10 milhões, foi ampliado para R$ 35 milhões e passou a contar com novos investidores. Entre eles estavam BV (ex-Banco Votorantim), Monsanto (hoje Bayer) e Algar, além da BB Seguros.

Da experiência inicial com CVC, a MSW Capital realizou duas saídas. A primeira foi a compra do marketplace de oficinas automotivas Car10 pela Webmotors em julho do ano passado. Meses depois, em novembro, o Nubank realizou a aquisição da fintech Olivia, que desenvolveu uma plataforma de organização financeira munida com inteligência artificial. O valor das transações não foi revelado.

Além dessas, a MSW Capital investiu também em startups como Carflix, Árvore Educação, QueroQuitar, Tbit, Yalo, Widow Games, entre ouras.

Para o segundo fundo, a tese de saída continua a mesma e a ideia é buscar acelerar os negócios para que os desinvestimentos possam garantir um retorno de 10 vezes sobre o valor investido na operação. “A gente fala que este é um casamento com hora para começar e hora para terminar”, diz Zeiger. “Temos um período para gerar valor e em algum momento vamos precisar sair.”

O que muda de um fundo para outro é que agora o olhar vai passar para empresas mais maduras, preferencialmente em rodadas de Série A. O filtro para buscar startups privilegia companhias que já tenham um produto ou serviço sendo comercializado no Brasil. “Acima de tudo, investimos em negócios que conseguimos contribuir com o crescimento”, diz Zeiger.

Já entre as restrições para fazer um investimento, Zeiger cita como exemplo a proximidade da startup com a operação do investidor. “Quando o negócio está muito próximo do que o investidor já faz, a gente não aconselha a investir por CVC, mas a realizar a aquisição”, diz Zeiger. “Se você está muito próximo do Sol, pode se queimar.”

De acordo com o executivo, é preciso separar os investimentos de corporate venture capital das áreas de fusões e aquisições. “Um programa de CVC bem-sucedido é aquele que olha para as startups com o objetivo de impulsionar os negócios e não para fazer a aquisição futura da empresa”, diz Zeiger.

Mercado aquecido

O movimento de corporate venture capital vem crescendo de forma regular no Brasil nos últimos anos. De acordo com um estudo da consultoria americana Bain & Company, os aportes por meio desta modalidade crescem 30% ao ano no país desde 2015 e o país registrava 61 fundos de CVC ativos por aqui até o fim do ano passado.

Entre eles está o fundo de R$ 300 milhões da Totvs, lançado em novembro passado e gerido pela Citrino. … saiba mais em NeoFeed 02/06/2022