Tem gente voltando a investir em bolsa — para além da B3. A Closet BoBags, plataforma de moda circular criada pela empresária Bel Braga, acaba de captar um novo fundo para comprar bolsas e outros acessórios de marcas de luxo, como Chanel, Gucci, Hermès e Prada. O veículo de R$ 575 mil é o quarto lançado pela empresa e, na soma dos fundos, a BoBags já levantou R$ 2 milhões com esse modelo de negócio.

“O que a gente faz é trazer uma forma diferente de pensar o acesso a produtos e o consumo, com uma oportunidade interessante de rendimento. É um pensamento que venho construindo há mais de uma década, com muito propósito”, conta Braga ao Pipeline. “No campo pessoal, sempre fez sentido comprar algo melhor e usado do que algo de baixa qualidade que fosse usar uma única vez. Hoje, meu objetivo é mostrar que essa forma de vestir é tão fácil quanto comprar do fast fashion da China, só que é mais lógico e sustentável.”

A empresa começou ainda em 2009, com um hábito pessoal da fundadora, de garimpar brechós, numa era em que a sharing economy estava apenas começando a ser discutida. Algum tempo depois, em 2013, Braga foi passar uma temporada de dois anos no Vale do Silício para se descobrir empreendedora. Recebeu mentoria de gurus como Guy Kawasaki e Fran Maier, na aceleradora Women’s Startup Lab, e de Duncan Logan, na RocketSpace, espaço de inovação que foi a primeira sede da Uber.

BoBags capta quarto fundo

De volta ao Brasil, a executiva começou a levantar capital para fortalecer o negócio. Ao todo, levantou cerca de R$ 2,5 milhões com investidores-anjo e os fundos de venture capital Visagio e Raio Capital. A última rodada foi em 2021, assim como a de boa parte das startups — o que não tem atrapalhado em nada o negócio, de acordo com a fundadora. A BoBags deve fechar 2023 com um GMV de R$ 6 milhões, quase 65% acima do ano passado.

O site criado para funcionar como um brechó digital acabou mostrando o potencial de retorno financeiro de closets individuais também para terceiros, aqueles que não são proprietários dos acessórios mas apostam no filão. Foi em conversas com investidores, executivos e outros empreendedores que Braga percebeu o interesse por passion assets, e decidiu criar os fundos.

Com assessoria do Veirano Advogados, a empresa montou uma estrutura de Sociedade em Conta de Participação (SCP) e lançou seu primeiro fundo em agosto de 2022 com o objetivo de adquirir artigos de luxo e alta costura para aluguel. Os fundos têm duração de cinco anos e geralmente são captados com grupos de seis cotistas — a maioria investidores qualificados e C-Levels.

Hoje, do portfólio de mais de 10 mil peças disponível no site, a maior parte é de propriedade de veículos financeiros e terceiros, cerca de 80%. Também há pessoas físicas que colocam itens pessoais para alugar na plataforma, e ficam com 60% do valor de locação. A rotatividade é alta: a média é de oito compartilhamentos, mas há itens que já foram alugados mais de 50 vezes

“Estamos perto de gerar o primeiro milionário. Temos locatários com mais de R$ 500 mil acumulados e disponíveis para saque. Eu mesma já coloquei uma bolsa para alugar, que gosto muito. Paguei R$ 2 mil por ela e já arrecadei mais de R$ 1,2 mil com o aluguel. E ela continua sendo minha”, diz Braga… leia mais em Pipeline 26/05/2023