A sensação de insegurança dos empresários médios brasileiros em investir em
tecnologia da informação (TI) tem diminuído e as grandes corporações percebem
essa demanda; por isso, abocanhar uma gorda fatia do mercado nacional de
serviços voltados para a área de mobilidade para as comunicações é o plano de boa
parte das companhias multinacionais. Há inclusive uma perspectiva dentre analistas
de mercado de o País receber uma enxurrada de empresas estrangeiras do ramo
nos próximos anos, de olho no aumento crescente da troca de dados por
plataformas diversas, como smartphones, tablets e outros dispositivos. 

Assim como os chineses têm invadido as prateleiras do varejo brasileiro com seus
produtos, a previsão é de que várias companhias com atuação em outros mercados
perceberão as oportunidades cada vez maiores no Brasil, inclusive em áreas como
varejo, saúde, e educação, além do sistema financeiro.

 Há, ainda, a perspectiva de geração de serviços para atender aos grandes eventos
esportivos dos próximos quatro anos, em que o Brasil terá a atenção de todas as
potências mundiais. Como o País parece ter muito que crescer, os conglomerados
estrangeiros estão atentos.

 Uma dessas empresas é a companhia de software de gestão empresarial SAP.
“Estou no Brasil duas vezes ao mês. Vivo em Miami e acho que há inúmeras
oportunidades no Brasil. Não saberia dizer se o mercado vai dobrar ou não, em
termos de novas empresas estrangeiras chegando, mas posso dizer que as
parcerias com os brasileiros são incríveis e há muitas oportunidades”, afirmou o
vice-presidente de Mobilidade da SAP Latino América e Caribe (LAC), Mark Crofton.

 A sua opinião é compartilhada pelo analista da Frost & Sullivan, empresa
internacional de consultoria e inteligência de mercado, Bruno Tasco. Para ele, o País
passará por grandes mudanças tecnológicas, e este é um caminho sem volta:
“Cada vez mais o País será foco de companhias que ainda não têm atuação nessa
região. A questão de da insegurança sempre existiu entre as empresas, inclusive as
grandes, devido à preocupação com o roubo de informações e tudo que se relaciona
à segurança de dados estratégicos. Mas isso começa a mudar. O mercado hoje é
muito mais pró-ativo, até em termos de segurança”, comentou Tasco. Ambos os
executivos estão presentes no evento da SAP que acaba de começar em Orlando,
na Flórida (EUA), e segue até amanhã (16). São cerca de cinco mil os participantes
de diversas partes do mundo, e cerca de 20 mil pessoas estão conectadas em
tempo real ao encontro.

 Para empresas como a Frost & Sullivan, o Brasil já segue há algum tempo atendência de aplicar geralmente gastos com TI acima do dobro do Produto Interno
Bruto (PIB), e a estimativa é que, até 2014, o País, um dos pilares da América
Latina, tenha incremento também nessa área.

 Só a América Latina deve ter um avanço de 7% a mais de aporte em TI até a Copa do Mundo, ficando atrás apenas da Ásia, que crescerá 10%.

Como para a América do Norte a previsão é de um crescimento de 4% em TI, e para a Europa, de 3%, o Brasil vira a bola da vez.
“Nós estamos falando de taxas de crescimento mais apertadas em regiões como
EUA e Europa, enquanto o mercado como um todo começa a buscar regiões para
diversificar as receitas.

O Brasil passa a ser considerado forte opção de crescimento
nesse sentido e não é à toa que hoje grandes empresas têm no País seu terceiro
maior rendimento nos resultados”, disse.

E para crescer neste mercado a posta das empresas está na inovação. Assim,
empresas como a SAP parecem ter planos de investir pesado na questão de
soluções de mobilidade. A empresa está no País há 17 anos, mas garante que ainda
tem muito que crescer, tendo sido nomeada este mês pelo Gartner como a líder no
segmento em seu novo relatório.

Segundo o vice-presidente de Mobilidade da
empresa, Mark Crofton, devido a abrangência de plataformas móveis -que incluem,
por exemplo, a Sybase Unwired Platform (SUP), solução de gerenciamento de
dispositivos-, é possível imaginar que há muito mercado a explorar na América do
Sul. Ele explica que a meta é operar melhor em mobilidade, e criar formas de
aplicações para a troca de dados, oferecer mecanismos que façam da informação
um produto para ser utilizado de maneira mais rápida e fácil.

A perspectiva também de informações, como pesquisas feitas pelas consultorias,
que apontam a demanda no País, hoje na 9ª posição em número absoluto de
conexões em banda larga, além de ser o quinto maior do mundo em uso de
celulares, conforme a consultoria britânica Point Topic.

Como no mundo apenas o
segmento de SaaS (software como serviço) deverá movimentar, com a adoção da
computação em nuvem, US$ 22,1 bilhões nos próximos três anos, o Gartner estima
que haverá aportes para o Brasil. Por Camila Abud A jornalista viajou a convite da empresa
Fonte: DCI 15/05/2012