Fusões e aquisições das micro e pequenas empresas normalmente são realizadas pela venda de parte ou da totalidade das cotas para empresas maiores

 Quando se fala em fusões e aquisições, logo se pensa em transações milionárias envolvendo grandes empresas. Mas esta prática é comum, sendo uma alternativa de crescimento e consolidação no mercado também entre pequenas e médias empresas (PMEs). De acordo com Oziel Estevão, diretor titular adjunto do Departamento Jurídico da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), o segundo semestre do ano passado apresentou um grande número de operações, que movimentaram R$ 114,2 bilhões, segundo dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).

 E, em 2014, o mercado continua aquecido: de acordo com um estudo da PwC, fevereiro apontou movimento acima da média e o ano acumula recorde transações anunciadas no primeiro bimestre. “O mês de fevereiro foi destaque com o maior volume na série histórica”, diz Alexandre Pierantoni, sócio da PwC, com ênfase para o setor de TI.

 “O ano começa com TI liderando novamente o ranking de transações: já são 16 para o primeiro bimestre”, complementa.

 “As médias empresas costumam se preparar para as operações fazendo uma avaliação financeira e jurídica da operação a ser realizada”, explica Estevão. No caso das empresas familiares, a maioria não possui seus balanços auditados, ou apresentam algum tipo de governança corporativa. Reinaldo Grasson, sócio de financial advisory da Deloitte, afirma que cada vez mais é preciso estar preparado para uma fusão/aquisição, caso a oportunidade apareça. “Entrar no processo sem estrutura não dá certo”, afirma.

 Ele observa que setores como consumo, infraestrutura, energia e tecnologia sempre são alvos de fusões e aquisições.

 As fusões permitem às empresas captar recursos, desenvolver produtos e projetos, reduzir custos administrativos e de produção, aumentar o poder de atuação no mercado com maior competitividade e limitar a entrada de novos concorrentes.

São ainda uma alternativa em casos de sucessão, quando não há mais interesse da família em continuar com o negócio.

Mas nem tudo são flores. Estevão alerta que, caso uma das empresas participantes da fusão venha a ter problemas, como, por exemplo, um volume substancial de ações judiciais, “esse fato pode comprometer a empresa objeto da fusão ou até mesmo o seu sócio”. Por isso, antes da operação, é preciso preparar a empresa e fazer o planejamento do negócio, ter um cronograma para o due diligence e para as negociações. É preciso ter regras claras sobre o tratamento das contingências/responsabilidades das partes e ainda a criação de acordo de sócios para regular a relação dos sócios após a operação, com mecanismos de saída do negócio, regras de votação e de dissolução da empresa e cuidados a serem tomados de acordo com o percentual de participação dos sócios.

O processo é difícil, pois inclui números, egos e outros fatores que passam pelo emocional. “Ele começa com a razão (cabeça) e passa pelo estômago (a digestão do emocional)”, destaca Mauro Muratório, sócio da Invixx Investimentos. Em geral, os processos trazem bons resultados, mas em alguns casos o conflito quanto à forma de condução dos negócios ou a diferença nas expectativas resulta em desfazer o negócio ou na venda de uma parte à outra. Lourdes Rodrigues Leia mais em dci 30/04/2014