Conhecido pela postura ativista, investidor americano Carl Icahn demonstra receio sobre efeitos da inflação sobre a economia dos EUA e indica setores que podem ter bom desempenho neste cenário.

Com mais de 60 anos de mercado financeiro, Carl Icahn ganhou fama no meio por sua postura ativista nos investimentos. Através da Icahn Enterprises, ele assume participações relevantes no capital de empresas e advoga por mudanças na política corporativa ou por venda de ativos, para valorizar as ações e gerar lucro.

Sua briga mais recente e midiática foi deflagrada no começo do ano contra o McDonald’s. Menos a ver com ganhos financeiros, Icahn utilizou sua força ativista para fazer com que a rede de fast-food deixasse de comprar carne suína de empresas que utilizam gaiolas gestacionais na criação de porcos. Ele tentou emplacar dois nomes no conselho de administração, mas acabou derrotado na assembleia de acionistas, em maio deste ano.

Enquanto demonstra disposição para batalhas corporativas, o bilionário mostra que também está preocupado com os rumos da economia americana. Para ele, cujo patrimônio está na casa dos US$ 17,6 bilhões, segundo ranking da revista Forbes, os Estados Unidos e o mercado ainda devem deteriorar antes de melhorar. “O pior ainda está por vir”, disse ele durante participação em evento promovido pelo site Marketwatch.

A grande questão para o investidor acionista é justamente o nível de inflação nos Estados Unidos, algo que tem preocupado a vasta maioria dos economistas e investidores depois de atingir os maiores níveis em 40 anos. No acumulado de 12 meses até agosto, o Índice de Preços ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês) alcançou 8,3%.

“A inflação é uma coisa terrível”, afirmou Icahn, pontuando que a alta desenfreada dos preços foi a responsável por derrubar o império romano. “Você não consegue curá-la.”

A situação foi provocada pelo aumento excessivo dos gastos federais antes e durante a pandemia, segundo ele, gerando preocupação a respeito das condições fiscais do país. “Nós imprimimos muito dinheiro, achando que a festa não teria fim. Mas a festa acabou”, afirmou.

Icahn disse que apoiou a decisão do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), de elevar a taxa de juros em 0,75 ponto porcentual pela terceira vez consecutiva neste ano, levando os juros para um intervalo de 3% a 3,25% ao ano. Mas destacou que a autoridade monetária poderia ter sido mais incisiva, com uma alta de 1,00 ponto porcentual.

A alta da inflação e dos juros são os principais fatores para o baixo desempenho do mercado acionário nos Estados Unidos. E a situação não deve melhorar. Ainda assim, o valor patrimonial líquido da Icahn Enterprises registou uma valorização de 30% nos primeiros seis meses do ano…. saiba mais em NeoFeed 22/09/2022