Com aumento dos custos na saúde privada, clínicas com modelos mais enxutos podem viram tendência no País e já chamam a atenção de operadoras de planos. Com ganho de escala e demanda reprimida, Dr. Agora e DocctorMed já propõem agressivas metas de expansão em meio a um cenário ainda ruim.

Fundada em junho de 2015 e com quatro unidades em operação até o momento, o Dr. Agora, que foca na atenção primária à saúde, espera atingir 20 clínicas em 2017. O motivo para querer dobrar de tamanho, segundo o CEO da rede, Guilherme Berardo, é a grande demanda reprimida.

Além de atender o público sem plano de saúde – os que nunca tiveram e os que perderam com o desemprego-, o executivo aponta que tem recebido pessoas que têm plano, mas buscam a rede por conveniência. “Na unidade da Vila Olímpia [bairro nobre paulistano], achávamos que iríamos atender as pessoas que trabalham na região, mas temos recebido moradores da classe média com plano.”

De acordo com Berardo, este perfil de demanda foi inesperado e tem criado oportunidades. Mesmo sem revelar o nome, ele conta que fechou contrato com duas grandes operadoras. “Cerca de 60% dos casos podem ser resolvidos com a atenção primária, o que reduz o custo das operadoras com pronto socorro”, explica.

Segundo o executivo, cada pronto socorro tem um protocolo a ser seguido e, às vezes, incluem uma série de exames que encarecem a consulta. Por isso, a ideia da parceria é fazer uma triagem com o atendimento inicial e só encaminhar ao especialista caso seja necessário. “Encaminharemos para o especialista indicado pela operadora e como a nossa rede estará integrada ao prontuário eletrônico da operadora, conseguimos até agendar”, diz.

Além dos contratos com os planos, o executivo aponta que possui um projeto piloto com uma das operadoras para acompanhar pessoas com mais de 70 anos. “Muitas vezes este idoso vai ao ambulatório conversar ou ao Pronto Socorro quando sentiu uma gripe, daí tem que rodar todo o protocolo”, relata.

Neste caso, as portas das clínicas estarão abertas para este grupo de pessoas por 90 dias e após verificar a frequência de utilização, o Dr. Agora enviará os dados à operadora. “Muitas vezes eles só querem ver a pressão ou a glicemia”, diz.

No caso de pacientes crônicos, a ideia da parceria não é fazer a gestão dessa população, mas gerar dados para o programa de gestão da operadora que contratar. “Com o prontuário eletrônico a operadora saberá em tempo real a situação de um paciente com diabetes ou qualquer outra doença crônica”, exemplifica Berardo. Alem disso, ele reitera que parte do interesse das operadoras vêm da penetração da rede, localizada muito dentro ou próximas a metrôs de São Paulo.

O plano de longo prazo do CEO é atingir 50 clínicas em 2018; em 2017, a meta é aumentar o faturamento entre 10 e 15 vezes. Para tal, a companhia contratou o Credit Suisse para receber assessoramento na busca por um novo sócio que possa ajudar o financiamento das próximas unidades; até agora todas as clínicas foram abertas com recurso próprio. “Precisamos de R$ 25 milhões para 2017 e 2018”, diz.

Questionado sobre a expansão em locais fora da capital paulista, ele aponta que existe a possibilidade de ir ao interior do estado no segundo semestre, mas o foco é aproveitar primeiro a densidade populacional de São Paulo. “Na capital cabem umas 100 clínicas.”

Expansão agressiva

Já em um caminho diferente, o Docctor Med aposta no crescimento do modelo de franquia para ter ganho de escala e redução de custos de operação. A rede, que já possui 45 unidades em mais de 12 estados, fechou 2016 com mais de 40 contratos assinados. “Hoje estamos na contramão da crise, enquanto o Brasil passa por recessão, nós estamos expandindo”, afirma o diretor de expansão da rede, Roberto Asakura. No modelo da Docctor Med, as clínicas são compostas por vários especialistas básicos como dermatologista, endocrinologista, psiquiatria, além de exames laboratoriais.

“A crise acelerou o ritmo, entre 2014 e 2015 vendemos 24 contratos e só em 2016 foram 26 franquias vendidas”, explica. De acordo com ele, a meta era atingir 100 clínicas em 2021, contudo, nesse ritmo é possível que a rede consiga esse número de unidades em 2019. “Muitas clínicas estão procurando [a conversão], porque o modelo ajuda a aumentar a margem de lucro e conseguimos boas negociações com fornecedores. Além de trabalhar com uma marca já forte”, coloca. Em 2016, as clínicas que têm mais de um ano de funcionamento faturaram em média 25% a mais que em 2015.

Além das pessoas sem planos de saúde, o executivo aponta que as pequenas e médias empresas estão no foco da rede para os próximos anos. “Lançamos o Cartão Empresarial que dá ao funcionário um crédito para gastar e descontos nas consultas e exames. Isso reduz o custo com convênio das pequenas”, explica.

Ele também aponta que a rede lançará um aplicativo móvel no primeiro trimestre para que os pacientes consigam ter acesso a uma lista de farmácias e laboratórios onde podem encontrar o que precisam a menor custo.  – DCI Leia mais mais em portal.newsnet 03/01/2017