O empresário Fernando Gadotti, um dos fundadores da Dog Hero, passou os últimos dois anos dedicado a um tema nada relacionado a cães e pet sitting, paixão que virou negócio milionário criado por ele em 2014 e vendido em 2020 para a Petlove. Ele estava trabalhando no desenvolvimento de uma startup para a gestão da folha de pagamentos de médias empresas, a Tako. Agora, com a plataforma finalizada, a companhia levantou um aporte de R$ 75 milhões e quer fazer barulho.

Os investidores que apostam no negócio são dois nomes de peso do mercado de venture capital americano: a Ribbit Capital e a Andressen Horowitz (a16z), seguidas pela gestora paulista OneVC. Os fundadores da fintech americana Ramp, Eric Glyman e Karim Atiyeh, também entraram na rodada. Trata-se de uma aporte seed, mas o valor desse cheque está acima do que tem sido investido em startups desse estágio de maturidade.

A Tako centraliza em uma única plataforma as informações relativas à folha dos colaboradores de empresas de 100 a 500 funcionários, público-alvo do negócio. O serviço cuida de toda a jornada do funcionário no trabalho, da admissão ao desligamento, incluindo férias e envio de holerites. Com a integração das informações em um sistema, a startup promete diminuir o processamento da folha de 14 dias para até um dia, graças à automatização de diversas funções espalhadas por planilhas, fichas cadastrais e ERPs (planejamento de recursos empresariais, na sigla em inglês) dos anos 2000.

O empresário conta que, durante o desenvolvimento, a Tako ficou em modo stealth, uma estratégia usada por startups que querem começar operando discretamente, longe do público geral, para não causar distrações com metas de crescimento, além de permitir afinar melhor a plataforma com o feedback direto dos primeiros clientes. Ele explica que preferiu seguir assim para focar em criar as fundações da startup.

Mas ir de pets para gestão de folhas de pagamentos não foi fácil, confessa Gadotti. Até porque, na Dog Hero, “eu era apenas a pessoa que recebia o PDF da folha de pagamentos dos meus funcionários”, diz ele. Mas, conhecendo a dor de sistemas de pagamentos descentralizados, foi fácil entender como a Tako poderia ser útil em um mercado com demanda por digitalização, cujo potencial pode chegar a R$ 40 bilhões.

Para largar o posto de executivo de “pettech” e se transformar em um CEO de uma HRtech, Gadotti afirma que teve de estudar muito o tema e, principalmente, se cercar de especialistas em contabilidade e departamento pessoal, as duas áreas responsáveis por esse encargo nas empresas. Hoje, pode-se dizer que o “intensivão” vingou. “Eu entendia de cachorros, agora eu entendo de folha de pagamentos.”… leia mais em Pipeline 11/11/2024