Com Octávio Lopes, IG4 prepara club deal na Europa
Paulo Mattos, fundador e CEO da gestora IG4, e Octávio Lopes, ex-presidente da Light e Equatorial, foram contemporâneos na GP Investimentos. Depois de mais de uma década, voltam a trabalhar juntos – desta vez, vizinhos e sócios na capital britânica.
Lopes está integrando o time da IG4 para comandar a nova estratégia da casa, que até agora era focada em oportunidades de private equity, com um componente de reestruturação, na América Latina. “A nova vertical vai buscar negócios em tudo que não seja Latam. Sempre quis ter uma estrutura internacional mais ampla e a IG4 foi se preparando para isso longos dos últimos anos”, diz Mattos.
A firma já começou a buscar potenciais aquisições na Europa e também analisa Estados Unidos e Ásia. A IG4 Internacional não vai levantar um fundo para os investimentos, mas compor club deals, levantando recursos com investidores para uma transação específica. Nesse formato, vai entrar também com capital proprietário. A companhia (e sócios) está capitalizada depois de transações como a venda da Iguá e da Oppy Health, que lhe renderam taxa de performance na multiplicação do capital de investidores.
A gestora quer aproveitar a bagagem adquirida com “very special situations” no mercado brasileiro e replicar no exterior. “O modelo de reestruturação na Europa muitas vezes é comprar dívida, negociar com credor, uma estratégia jurídico-financeiro. A minha experiência e do Paulo é também do operacional, juntando essa mudança na estrutura de capital com uma gestão ativa”, diz Lopes. “Na Europa, esse é um mercado menos povoado por gestoras com esse perfil do que nos Estados Unidos.”
A IG4 já tem uma negociação em exclusividade e em fase de diligência no Reino Unido, de uma indústria de consumo com atuação em dezenas de países na região. Varejo e consumo, em geral, costumam ficar fora do radar da firma na América Latina – apesar de uma série de ativos estressados no setor, a visão é de alta dependência da macroeconomia, aumentando a volatilidade. Na Europa, avalia a dupla, o cenário tende a ser mais previsível, com poder de consumo mais alto e marcas centenárias.
Mattos cita como exemplo o resgate da marca Moncler, feita pelo fundo Carlyle com o empresário Remo Ruffini. Há outras companhias familiares, que andam de lado há anos, empurrando o negócio com crédito barato. “Como o crédito ficou mais caro nos últimos anos, a situação de algumas dessas empresas se complicou, abrindo oportunidades”, diz o CEO.
As transações da IG4 Internacional devem ir até US$ 100 milhões (cerca de R$ 600 milhões), o que significa um enterprise value bem acima, dada a alavancagem. “São companhias de 10 milhões a 100 milhões de euros de Ebitda potencial. No Brasil, uma empresa nessa faixa superior estaria em infraestrutura, por exemplo, mas na Europa há várias companhias médias em diferentes setores”, diz Lopes. Ele está de mudança para Londres, onde já morou nos tempos em que coordenou a reestruturação da Magnesita.
Além dos investidores da base de seus fundos latino-americanos, que podem se interessar pela diversificação nos club deals, a IG4 quer fisgar também com a nova vertical aqueles fundos de pensão ou gestores de patrimônio que não estão tão interessados numa exposição em América Latina neste … leia mais em Pipeline 18/02/2025