Como parte de sua estratégia de inovação e investimento, a Copel está montando um fundo de corporate venture capital (CVC) voltado a soluções no setor de energia. A companhia paranaense vai alocar R$ 150 milhões na estratégia e vem buscando, desde o fim do ano passado, uma gestora para estruturar e administrar o FIP. Com lançamento previsto para julho, o fundo deve fazer ao menos um aporte ainda neste ano entre as startups garimpadas pelo Volt, o programa de inovação aberta da empresa.

“No mercado de energia, extremamente regulado, as inovações muitas vezes nascem de companhias que pensam fora da caixa. A gente acredita que as próximas grandes transformações vêm desse ambiente de startups”, diz Cássio Santana, diretor de desenvolvimento de negócios e responsável pelo novo fundo da Copel, ao Pipeline. “Com a abertura do mercado e o consumidor cada vez mais livre para escolher seu fornecedor, a gente tem uma missão de guiar a trajetória do cliente e estar pronto para oferecer o que há de mais novo.”

O interesse do fundo está em teses e soluções ligadas a energias renováveis, ganho de eficiência em processos internos, gestão de ativos e instalações, energy as a service e cidades inteligentes. Com uma operação já robusta em energia limpa — hoje, 96% da produção se enquadra nessa definição, o restante é termelétrica —, a companhia busca, por exemplo, iniciativas com hidrogênio verde, produto que ainda não consta no portfólio e tem demanda crescente.

Copel cria fundo de R$ 150 milhões

Para encontrar novos empreendedores, a Copel lançou seu programa de inovação aberta em 2021. No projeto a companhia encontrou três startups, entre cinco finalistas, que mereceriam investimento — uma delas foi capaz de otimizar perdas aerodinâmicas em 15% no parque eólico do Rio Grande do Norte, o que representa uma economia muito significativa, diz o executivo. As selecionadas receberam R$ 1,5 milhão ao todo para realizar a prova de conceito.

Foram mais de 200 inscrições vindas de todos os continentes do mundo na primeira leva do programa. Agora, a Copel já prepara a nova edição, cujas inscrições encerraram em dezembro. Desta vez, foram quase 300 inscritos, de 52 países diferentes. A maior parte das candidatas vem do Brasil, Estados Unidos, Alemanha, Índia, Espanha, Canadá, Itália e Israel. O projeto escolhe empresas que já tenham pelo menos product market fit comprovado. As cinco finalistas deste ano vão dividir um cheque que R$ 1,8 milhão durante o projeto.

Os investimentos feitos no Volt, no entanto, não vão sair do fundo. O programa, sim, pode ajudar a encontrar oportunidades de investimento. A ideia da Copel é que o processo de definição dos aportes possa contar também com a expertise do futuro gestor do FIP. A contratação deve ser definida até o próximo mês. O fundo vai investir em startups em estágio de seed até a série B.

Lateralmente, a Copel seguirá com sua estratégia de M&As, também comandada por Santana. “No passado, a gestão dessas duas áreas trazia algum tipo de confusão no mercado, mas a gente aprendeu a funcionar bem, separando as estratégias”, comenta o executivo. “Temos uma política bem definida de voltar os esforços de aquisição para infraestrutura e produção. Nossa meta é crescer entre 250 mega e 300 mega por ano em geração de energia”.

No fim do ano passado, a Copel realizou um M&A relevante com a compra de dois parques eólicos da EDP, no Rio Grande do Norte, por R$ 1,8 bilhão leia mais em Pipeline 11/01/2023