A Copel prevê realizar a venda do controle da usina hidrelétrica Foz do Areia, seu principal ativo de geração, no último trimestre de 2023, enquanto a alienação de sua fatia majoritária na distribuidora de gás Compagas pode ser realizada ainda este ano.

A estatal Copel detém 51% da distribuidora de gás canalizado do Paraná, sendo que a participação restante pertence à japonesa Mitsui e à Gaspetro. O segmento que despertado forte interesse da Compass, da Cosan, que fechou anteriormente acordo para a compra da fatia majoritária da Petrobras na Gaspetro.

Em teleconferência de resultados nesta quarta-feira, o presidente-executivo da Copel, Daniel Slaviero, disse que a companhia espera receber do governo estadual “nas próximas semanas” as condições finais para a renovação da concessão da Compagas, de forma que a venda possa ocorrer até o fim deste ano.

“Nós não estamos esperando um processo com aquele grau de competição (da Copel Telecom), mas entendemos que pelo menos mais um ou dois players, além da Cosan/Compass, que tem sido muito ativa, poderão olhar”, avaliou.

A elétrica Copel registrou um lucro recorde no ano passado de 5 bilhões de reais, com impulso da venda de sua unidade de telecom.

Na teleconferência, Slaviero lembrou ainda que a adesão à repactuação do risco hidrológico resultou na extensão do prazo de concessão da hidrelétrica Foz do Areia, com o contrato se encerrando agora em dezembro de 2024.

A alienação do controle da usina é uma condição para que a Copel consiga manter a hidrelétrica em seu portfólio, ainda que com uma participação minoritária, e renovar a concessão. Segundo regras já publicadas pelo governo, a venda do controle deve ocorrer até 12 meses antes do fim da contrato.

“Temos alguns assessores jurídicos e financeiros já selecionados… As condições de valor de outorga, garantia física, ainda estão sendo analisadas e calculadas pelo Ministério de Minas e Energia”, disse.

NOVOS INVESTIMENTOS

Slaviero disse ainda que a estatal paranaense deve firmar parcerias para participar do próximo leilão de transmissão de energia, previsto para o fim do primeiro semestre. Segundo ele, isso permitirá que a companhia possa participar da disputa de um maior número de lotes.

Sobre negócios no mercado secundário, o executivo afirmou que a elétrica segue avaliando oportunidades, mas “sem pressa e afobação”. “O momento é de cautela, seja pela alta dos juros, seja pela pressão no Capex (investimento) por aumento de custos de commodities.”

OFERTA DO BNDES

O presidente da elétrica afirmou ainda que a oferta do BNDES para alienar suas ações da Copel provavelmente será feita com base nos resultados do primeiro trimestre de 2022. Mas o timing da operação pode ser ainda afetado pela capitalização da Eletrobras, avaliou.

“Se a oferta da Eletrobras atrasar, enxergo com um pouco mais de complexidade. O tamanho dessa oferta (da Eletrobras), com todo o movimento que ela fará no setor elétrico, acredito que possa ter uma reavaliação por parte do BNDES.” O BNDES tem 24% do capital total da Copel. (Por Letícia Fucuchima; edição de Roberto Samora) Reuters leia mais em istoedinheiro 23/03/2022