O plano da Petrobras de vender US$ 15,1 bilhões em ativos até o fim deste ano pode falhar por motivos que independem da empresa, como a crise econômica e política no Brasil.

“A redução sustentada dos preços do petróleo, as flutuações da taxa de câmbio, a deterioração das condições econômicas no Brasil e no mundo e a crise política interna, entre outros fatores, podem reduzir ou impedir oportunidades de vendas dos ativos ou afetar o preço de venda”, informou a Petrobras no relatório 20-F, divulgado ontem à Securities and Exchange Comission (SEC), órgão regulador do mercado financeiro dos Estados Unidos. A informação está no capítulo no qual a estatal cita incertezas às quais está sujeita e que podem afetar resultados.

Um possível insucesso no programa de desinvestimento teria efeitos sobre o plano de negócios, acrescentou, no documento. O plano de venda de ativos, somado a financiamentos, é considerado estratégico pela atual gestão, que vê na alternativa a solução para pagar dívidas, investir em reservas de petróleo e gás natural e no abastecimento do mercado interno de combustíveis. Segundo o documento, sem desinvestir, a Petrobras fica exposta a “restrições de liquidez no curto e médio prazo”, e ficar sem dinheiro para investir.

Ao mesmo tempo, a Petrobras admite que a venda de ativos pode prejudicar “os resultados operacionais no médio e longo prazos”, porque vai implicar na retração do fluxo de caixa. O desafio está em encontrar a medida certa de desinvestimento a ponto de não afetar o cumprimento de metas operacionais e de geração de caixa. Em um cenário negativo, pode ser obrigada a vender mais ativos do que o previsto ou a investir menos. “Não podemos garantir que seremos capazes de obter, no tempo esperado, recursos e financiamentos necessários para explorar reservatórios em águas profundas e ultraprofundas [inclusive no pré-sal] que foram licitados ou que possam ser concedidos no futuro”.

Por ser controlada pela União, a Petrobras é diretamente influenciada pelo contexto nacional. A empresa vai precisar de uma “ampla gama de fontes de financiamento” para seguir adiante, mas “qualquer outra redução das notas de crédito do governo federal brasileiro pode ter consequências adversas adicionais sobre a nossa capacidade de obter financiamentos ou sobre o custo de financiamento e, consequentemente, sobre resultados operacionais e financeiros”.

Combustíveis

Como já havia feito no 20-F de 2015, a Petrobras admite que a política de preços dos combustíveis sofre interferência do governo federal. Segundo o texto, por decisão do governo, “poderá continuar a haver períodos em que os preços dos produtos não estarão em paridade com os preços internacionais”. Atualmente, a gasolina e o óleo diesel estão mais caros do que no mercado externo. Mas, por anos, os preços se mantiveram abaixo, ajudando a conter a inflação. DCI Leia mais em portal.newsnet 29/04/2016 –