Quando os moradores de um condomínio residencial em Nova Lima, na Grande Belo Horizonte, criaram um grupo no WhatsApp no início de 2020 para fazer compras diretamente com os produtores, não imaginavam que a ideia ia virar negócio — e de forma tão rápida.

Como a pandemia dificultou as compras, não só pelos preços inflacionados mas também pelo isolamento, a solução vingou. O grupo no aplicativo de mensagens lotou e foi preciso criar uma lista de espera para os outros condôminos que queriam participar.

Para um dos moradores, Guilherme Alvarenga, a ideia foi, literalmente, de milhões: “por que não criar uma empresa que difundisse esse modelo pelo país?” Foi assim que surgiu a Trela — inicialmente batizada de Zapt —, uma startup mineira que acaba de captar US$ 25 milhões em uma rodada que a avaliou em US$ 125 milhões (mais de R$ 600 milhões).

Leia também demais posts relacionados a Condomínos no Portal Fusões & Aquisições.

A rodada foi liderada pelo Softbank e também contou com a participação da Kaszek — a gestora de Hernan Kazah e Nicolas Szekasy já havia liderado o seed da Trela, que levantou R$ 16 milhões no ano passado. Na lista de investidores, também estão General Catalyst, Y Combinator e o argentino Pierpaolo Barbieri, fundador da fintech Ualá — uma investida de George Soros, Steve Cohen e do próprio Softbank.

Deu Trela: o grupo do condomínio virou uma startup

Na prática, a Trela faz exatamente o que o grupo de condomínio de Nova Lima já praticava, mas de maneira estruturada e com mais tecnologia. A ideia é que pessoas formem grupos, seja do condomínio, entre amigos ou familiares, para fechar uma compra grande e ter acesso a preços menores, tirando os intermediários. Com isso, a startup consegue oferecer preços entre 20% a 60% mais camaradas que aqueles praticados por varejistas tradicionais.

“Os produtos chegam muito caros para o consumidor aqui e isso é resultado de algumas ineficiências na indústria do varejo, que é muito fragmentada e passa por muitos intermediários, gerando múltiplas tributações”, explica Guilherme Nazareth, cofundador e CEO da Trela.

Os dois xarás e João Jönk fundaram a startup no final de 2020 e colocaram o produto na rua em janeiro do ano passado. A Trela decidiu concentrar a atuação naqueles produtos em que os clientes conseguiriam maior margem de desconto. Na plataforma, o consumidor encontra opções de hortifruti, carnes, vinhos, frutos do mar e alguns grãos.

“O arroz, a farinha e o feijão têm um turnover muito alto e uma margem muito espremida, o que torna muito difícil otimizar essa cadeia. O único jeito de vendermos arroz com desconto seria subsidiando, algo que não temos interesse em fazer”, explica Nazareth.

A inspiração da Trela é a gigante chinesa de ecommerce Pinduoduo, avaliada em quase US$ 50 bilhões na Nasdaq. Mas há diferenças nos detalhes. Na chinesa, a receita vem tanto do lado das transações quanto da publicidade dos sellers na plataforma. A escala também é .. leia mais em Pipeline 08/03/2022