A Doctoralia, plataforma de saúde e agendamentos de consultas médicas do grupo Docplanner, anunciou nesta quinta-feira (21/7) a aquisição da brasileira Feegow, startup criadora de software para gestão de consultórios e clínicas. Sem revelar os valores por trás do processo de M&A, o CEO da Doctoralia, Cadu Lopes, afirmou que a aquisição permitirá atingir novos mercados. “A junção das duas empresas é desejável do ponto de vista estratégico e vai permitir oferecer melhor cobertura, de clínicas pequenas a hospitais.”

O início do processo ocorrerá a partir de 1º de agosto, em fases. As plataformas serão integradas, com combinações que atendam a diferentes tipos de cliente, de redes de clínicas a médicos que trabalhem de forma autônoma, com ganho em escala para ambas as empresas. Atualmente, a Doctoralia tem 700 mil profissionais em sua base de clientes e atende 18 milhões de usuários únicos por mês no Brasil.

Em entrevista a PEGN, o CEO não abriu os valores da negociação de aquisição total da Feegow, mas afirmou que não haverá redução das equipes e cortes de funcionários. Inicialmente, as duas operações serão mantidas em paralelo, com times independentes, chegando a 650 colaboradores. “As duas empresas estão indo muito bem. Vamos criar a terceira via capturando o valor de cada uma, atendendo os clientes atuais e atacando um mercado novo”, diz. No futuro, a consolidação deve acontecer com foco no nome Doctoralia, considerado mais forte, com menção à Feegow no sistema.

Doctoralia adquire a startup brasileira
Imagem: Doctoralia/Instragram

Lopes conta que estava de olho na startup desde o início da operação da Doctoralia no Brasil, em 2017, quando fazia as primeiras visitas a potenciais clientes para vender o projeto. Por não ter vindo da área da saúde – ele fez a carreira no setor de telecomunicações –, o CEO foi estudar o mercado e conheceu a Feegow, que acompanha desde então.

Ele declara que o cenário para as empresas que oferecem serviços de PMS (Practice Management System, em inglês, ou softwares para o gerenciamento de práticas médicas) é competitivo, mas destaca que a Feegow se sobressai entre os concorrentes. Lopes levou a ideia para o board internacional da empresa e convenceu o CEO global após reuniões em Varsóvia, na Polônia.

Depois de conseguir o sinal verde e retornar ao Brasil, recebeu uma negativa da Feegow. A negociação teve início em agosto de 2021. “A DNA Capital não via motivos para se desfazer do ativo. Desde que investiram, em 2019, a startup cresceu dez vezes. Fui até o Rio de Janeiro conhecer o Silvio [Maia, fundador e CEO da Feegow], os gestores e as famílias deles. Os valores e princípios bateram, assim como a forma de enxergar o mercado”, afirma Lopes.

Com a fusão, a ideia é potencializar os serviços prestados por ambas as empresas, atendendo de ponta a ponta a jornada de cuidados com a saúde: enquanto a Doctoralia se apresenta como uma espécie de marketplace, focando em facilitar a vida dos pacientes com agendamentos online, telemedicina e resenhas sobre os serviços prestados, a Feegow trabalha na gestão de clínicas, digitalizando o dia a dia de médicos e funcionários. “A mescla das empresas faz sentido, juntos atendemos a milhares de médicos. É uma bomba de potencialidade”, comemora Maia.

“O sistema foi inicialmente desenvolvido por mim, em casa, de forma artesanal, em 2009. Ninguém acreditava que um software para gerenciamento clínico poderia rodar na internet”, relembra ele. Hoje, a empresa tem 180 colaboradores e atende mais de 40 mil médicos em todo o Brasil, em clínicas de médio e grande porte. Em 2019, o fundo DNA Capital – cujo principal investidor é a família Bueno, controladora da DASA – apostou na empresa, aportando R$ 20 milhões.

Após a consolidação da operação no Brasil, o plano é exportar o sistema da Feegow para os outros países com operação da Doctoralia, inicialmente pela América Latina e depois para a Europa. “É um ganho incrível. Eles já conhecem a legislação para adaptarmos os sistemas. A ideia é participar de todos os 13 países [onde há atuação], integrados”, afirma Maia.

Segundo Lopes, o Brasil se tornou o maior mercado do grupo Docplanner, que controla o Doctoralia, com mais de 20% de representatividade na operação global, o maior time alocado e os melhores resultados de crescimento desde 2017, superando países como Polônia, Espanha e México. O CEO não descarta novas aquisições no futuro, declarando que estão abertos a oportunidades. “O mercado de saúde é muito fragmentado e pode ser transformado por esse tipo de fusão. Ninguém vai mudar o setor sozinho”, finaliza… leia mais em PEGN 21/07/2022