O DOMO Enterprise aportará em até 20 startups que atuam no modelo B2B. Cerca de 30% do fundo, que terá de R$ 150 milhões a R$ 200 milhões, já foi captado

As startups que atendem outras empresas não costumam ser muito conhecidas do público, mas atraem um interesse crescente dos investidores. A DOMO Invest, gestora de fundos de investimento em venture capital (capital de risco), criou um fundo especialmente para investir nessas startups.

Chamado de DOMO Enteprise, esse novo veículo aportará entre R$ 150 milhões e R$ 200 milhões em até 20 startups.

A DOMO Invest foi criada em 2016 para investir capital de terceiros em negócios escaláveis, inovadores e tecnológicos. As soluções devem ser transversais a diversos setores — como finanças, logística e recursos humanos.

Seus fundadores são Felipe Andrade, Gabriel Sidi, Guga Stocco, Marcello Gonçalves e Rodrigo Borges. Os sócios participaram de mais de 50 operações de investimentos ao longo dos últimos dez anos em negócios tecnológicos como Descomplica, Gympass, Hotmart, Loggi e Quero Educação. Também participaram da fundação de empresas como o comparador de preços Buscapé.

O DOMO Ventures é o primeiro fundo da gestora. O veículo é focado fazer aportes semente em startups que acreditam na mudança de comportamento do consumidor e atendem diretamente essas pessoas — um modelo conhecido como B2C.

Com R$ 104 milhões captados, o DOMO Ventures investiu entre R$ 2 milhões e R$ 4 milhões em 15 startups. Exemplos são negócios como Goomer, Turbi, Grão, Noverde e AgendaEdu. O capital restante é usado para acompanhar as startups em rodadas subsequentes (movimento chamado de follow on).

A DOMO Invest também é gestora de um fundo de investimento anjo financiado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A DOMO Invest pretende gerir o investimento anjo em 50 startups neste ano, colocando metade de cada investimento, com tíquete médio de R$ 1 milhão.

A gestora identificou no final do ano passado a oportunidade de criar um fundo focado em startups B2B. Marcello Gonçalves e Cesar Pinela são gestores do DOMO Enterprise. Gonçalves tem experiência em gestão empresarial e mercado financeiro, enquanto Pinela tem vivência como empreendedor na área de software B2B.

“Temos teses diferentes para empreendedores diferentes. As empresas B2B têm outras necessidades de caixa”, afirma Gonçalves. “O B2B tem uma operação com ciclo de venda mais longo e menos desistência de clientes. Por isso, pode precisar de mais capital para se manter até a próxima captação com investidores.” Para Pinela, as empresas precisam passar por um processo de transformação digital e veem as startups B2B como um caminho para tal. “Os consumidores passaram a usar aplicativos como Rappi e Uber. As empresas também procuram acessar uma tecnologia de ponta a custos menores dentro de suas organizações.”

O DOMO Enterprise já captou 30% dos R$ 150 milhões a R$ 200 milhões projetados. O fundo está no processo de diligência de duas startups e pretende investir em até 20 empreendimentos. O valor médio do investimento ficará entre R$ 3 milhões e R$ 5 milhões, também na categoria de investimento semente.

Segundo Gonçalves, há uma mudança de perfil no investidor de venture capital. A DOMO Invest atendia principalmente family offices e pessoas físicas com alta renda. Mas começou a ver uma demanda maior por parte de corporações com fundos próprios de venture capital (também conhecidos como CVC).

“As empresas usam seus CVCs para investir diretamente em soluções B2B aderentes e para apostar em fundos de venture capital com teses que ajudam seus negócios, como a nossa tese de soluções transversais”, diz o cogestor. O Grupo Ultra é um investidor corporativo do DOMO Enterprise. Fundações e fundos de pensão também buscam esse capital de risco para diversificar sua carteira de investimentos. Esse panorama dá uma perpspectiva melhor ainda para as startups B2B.
leia mais em revistapegn.globo 30/04/2020