A EDP Brasil iniciou processo para a potencial venda de sua termelétrica de Pecém, ativo de geração a carvão no Ceará, em movimento para descarbonizar suas operações, disseram ao Scoop duas fontes com conhecimento do assunto. Scoop é a central de informações exclusivas da Mover.

A companhia engajou assessores no negócio, que já atrai alguns interessados, ainda segundo as fontes, que pediram anonimato porque as tratativas não são públicas.

Fundos de investimento são vistos como os principais possíveis compradores do ativo, já que a maior parte das grandes empresas de energia estão hoje envoltas em planos de redução de emissões ou até de saída de ativos ligados a combustíveis fósseis, disse uma das fontes.

Procurada, a EDP Brasil não comentou de imediato. As fontes não disseram quais bancos ou consultorias estão apoiando a potencial transação.

EDP Brasil busca compradores para termelétrica de Pecém

Em seu Plano Estratégico, a EDP Brasil se compromete a sair da geração a carvão até 2025. Fora o complexo de Pecém, ela possui distribuidoras de energia em São Paulo e Espírito Santo, além de linhas de transmissão e usinas solares e hidrelétricas.

Com 720 megawatts em capacidade, Pecém é o segundo maior ativo de geração da EDP Brasil, atrás apenas da hidrelétrica Luiz Eduardo Magalhães, no Tocantins. A usina gerou receita líquida de R$937 milhões para a EDP nos primeiros nove meses de 2022, e é considerada importante fonte de caixa, mas a companhia vem se preparando para desconsolidar o ativo, segundo uma das fontes.

Em setembro, a EDP realizou por meio de uma subsidiária a emissão de R$1,5 bilhão em notas comerciais para pré-pagamento da dívida de Pecém com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, que era de R$470 milhões. A operação teve compromisso de que a EDP Brasil usará o restante dos recursos “para investimentos em projetos que promovam e impulsionem a transição energética”.

A operação também envolve compromisso da EDP de, “em caso de alienação de Pecém, manutenção acionária de no mínimo 20% do ativo”, além da prestação de serviços de operação para a usina.

Apesar de já haver interessados, a EDP Brasil pode ter dificuldades para encontrar um comprador para Pecém, a depender do preço exigido, uma vez que investidores estão exigindo grandes descontos em operações envolvendo carvão, devido à preferência por negócios mais sustentáveis, disse uma terceira fonte.

Essa pessoa lembrou que a Engie Brasil Energia, por exemplo, precisou reconhecer impactos negativos em balanço devido à venda de termelétricas abaixo do valor contábil. O desinvestimento da usina Jorge Lacerda gerou impacto negativo de R$200 milhões, enquanto Pampa Sul teve efeito de R$191 milhões.

Por outro lado, apesar de essas usinas estarem se tornando os “patinhos feios” do mundo da geração de energia, o que gera riscos que incluem a dificuldade de financiamento de negócios, as operações de venda de usinas a carvão fechadas recentemente no Brasil têm potencial de gerar grandes retornos aos compradores, segundo duas das fontes.

Jorge Lacerda foi negociada com a gestora FRAM Capital por R$325 milhões, e a Pampa Sul, com fundos da Perfin e da Starboard, por R$2,2 bilhões… leia mais em TC 17/01/2023