Feiras ajudam a movimentar o comércio internacional.

As empresa brasileiras reduziram em 70% o volume de dinheiro que gastaram com compras de companhias estrangeiras no primeiro semestre deste ano. Segundo dados divulgados pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) nesta quinta-feira (11), o valor estava em R$ 42 bilhões no primeiro semestre do ano passado e recuou para R$ 12,3 bilhões. O número de aquisições diminuiu de 22 para 16.

Segundo o presidente do Subcomitê de Fusões e Aquisições da Anbima, Bruno Amaral, a primeira metade do ano passado foi atípica. “Retornamos para a média do que sempre foi a participação de brasileiras comprando estrangeiras”, afirma.

No começo de 2010 aconteceram várias grandes operações, como a compra de participação na empresa de cimentos Cimpor pela Camargo Corrêa, aquisição de participação pelo Banco do Brasil no Banco da Patagônia, da BM&F Bovespa na Bolsa de Chicago e a Weg assumiu o controle da mexicana Voltran.

Amaral alerta, no entanto, que o que está acontecendo lá fora atualmente – crise recente nos mercados europeus e norte-americano – pode aquecer novamente as compras de brasileiras no exterior, já que as estrangeiras devem ter depreciação de valores. “Elas podem se tornar atrativas”, afirma, a respeito de um possível movimento no segundo semestre deste ano. A mesma crise também poderá fazer com que multinacionais que têm operações no Brasil queiram se desfazer de ativos no País para compensar problemas nas outras praças.

Fusões

O grande movimento, em fusões e aquisições no Brasil, no começo deste ano, ficou por conta das companhias brasileiras que fizeram negócios entre si. Elas responderam por 41,3% das operações, com R$ 31,1 bilhões, enquanto aquisições entre empresas estrangeiras (quando uma estrangeira negocia a participação de outra estrangeira em empresa brasileira) ficaram com 17,1%, com R$ 12,9 bilhões, e aquisições de brasileiras por estrangeiras em 25,2%, com R$ 19 bilhões. As compras de estrangeiras por empresas nacionais responderam por 16,7%.

No total, houve recuo no volume movimentado em fusões, aquisições, oferta pública de aquisição de ações (OPAs) e reestruturações societárias no primeiro semestre deste ano no Brasil. Enquanto no começo de 2010 o movimento ficou em R$ 91,7 bilhões, no mesmo período deste ano não passou de R$ 75,3 bilhões.

De acordo com Amaral, essa queda aconteceu porque o primeiro semestre de 2010 foi recorde. “De forma surpreendente, o primeiro semestre deste ano foi forte em fusões e aquisições”, afirma.

Destaque

O setor de telecomunicações foi destaque no período, com 45% do valor das operações. Isso, de acordo com Amaral, reflete a continuidade das operações já ocorridas no segmento em 2010, que tiveram movimento forte. O setor de recursos naturais (óleo, gás, mineração) respondeu por três das maiores operações; o financeiro foi o responsável por outras três das maiores; e o segmento de energia elétrica por duas das dez maiores.

Amaral afirma que não é possível prever se será mantido, no segundo semestre deste ano, o mesmo ritmo de queda em fusões e aquisições, mas diz que a crise internacional – se não tomar dimensões muito maiores e se prolongar muito – não deve ter influência significativa no segmento. Isso porque fusões e aquisições são estratégias de longo prazo. “No dia a dia não há impacto muito grande como nas bolsas de valores”, afirma o presidente do subcomitê, a respeito do movimento já observado no setor neste começo de crise.

Fonte: economiasc12.08.2011