Os maiores escritórios de advocacia não ficaram atrás e, assim como os departamentos jurídicos, passaram a investir pesado em tecnologia para oferecer mais agilidade e melhores serviços aos seus clientes. Nas bancas de médio porte, pioneiras em inovação no mundo do direito, o que se vê, por outro lado, é a consolidação das próprias empresas de tecnologia.

“Temos empregado cada vez mais pessoas especializadas em tecnologia e recursos humanos para oferecer serviços legais alinhados com os departamentos de legal operations das empresas”, diz Fernando Serec, CEO do escritório TozziniFreire. Na banca, a cultura da inovação é estimulada por meio do programa “Think Future”. “Ele existe há um ano e meio para levar conceitos de inovação para todas as áreas”, afirma Victor Fonseca, advogado responsável por inovação no escritório.

O Mattos Filho também está seguindo esse caminho. Segundo Leonardo Brandileone, diretor de tecnologia da informação, o escritório está adotando ferramentas tecnológicas porque tem visto boa parte das empresas, que são suas clientes, investindo para tornar os departamentos jurídicos mais eficientes. A banca já usa inteligência artificial para a análise de contratos e extração de dados para auditorias em fusões e aquisições.

Fabio Kujawski, da área de tecnologia do Mattos Filho, destaca que há vários projetos de inovação em desenvolvimento na banca. “Até o começo de 2020 lançaremos duas ferramentas tecnológicas inéditas, com interface junto a clientes, para prestar melhor nossos serviços”, diz.

No escritório JBM Advogados, os investimentos em tecnologia começaram há mais de uma década. Em 2008, criou um sistema de gestão de fluxo de processos. Dois anos depois, lançou o primeiro robô do mundo jurídico, com função de buscar informações nos sites dos tribunais e colocá-las no sistema de gestão de processos do cliente. “Isso possibilitou colocar os advogados para fazerem coisas mais elaboradas, estratégicas”, afirma Renato Mandaliti, sócio da banca.

Em 2012, o JBM começou a investir em inteligência artificial para análises. “Um robô analisou 42 mil decisões de uma operadora de plano de saúde, chegando a um nível de acerto de 92% em relação ao trabalho dos advogados”, afirma Mandaliti. “No fim daquele mesmo ano, criamos a Finch, uma legaltech voltada para escritórios e departamentos jurídicos.”

Depois de desenvolver o próprio sistema para os advogados terem uma atuação mais estratégica, o PG Advogados começa este ano a vender soluções tecnológicas para outras bancas. O negócio será iniciado com a venda do “Brain Law”, que permite o acompanhamento de processos e contratos, além da geração de relatórios com base no cruzamento desses dados, em tempo real. “Escritórios de advocacia em geral ainda não têm legal operations [departamento voltado à tecnologia]”, diz Ellen Gonçalves, sócia do PG.

O escritório já participou da implantação de um departamento de legal operations em uma empresa do setor de alimentação. “A companhia dependia de cada escritório de advocacia para alimentar o seu sistema. Não sabia, por exemplo, se o número de acordos sobre determinada discussão estava caindo, onde e por qual motivo”, afirma Ellen. “Com a mudança, foi verificada uma redução nas ausências em audiências e novas ações trabalhistas sobre o mesmo tema foram evitadas.” Fonte:Valor Econômico .. leia mais em portal.newsnet 07/10/2019