A Essencis, joint venture dos grupos Cavo e Solví que atua no mercado de gestão de resíduos industriais, definiu uma estratégia para dobrar seu faturamento para R$ 850 milhões ao fim dos próximos quatros anos. A expansão de dois mercados impulsionará o crescimento, de acordo com os planos dos executivos: o de engenharia e consultoria e o de tratamento e destinação de resíduos. Para a expansão, a empresa está fazendo investimentos de R$ 250 milhões até 2014.

O primeiro desembolso já aconteceu no começo do ano, quando a Essencis comprou a Prameq – que atua no mercado de gestão de resíduos atmosféricos. O valor da transação foi pequeno – cerca de R$ 2 milhões por 70% das ações. No entanto, segundo os executivos da Essencis, o maior ganho será o de conhecimento do segmento. “Estamos agregando know-how com os profissionais da Prameq”, afirma Carlos Roberto Fernandes, presidente da Essencis.

A compra tem como objetivo distribuir o faturamento da Essencis oriundo de engenharia e consultoria entre os segmentos de ar, água e solo – hoje, a geração está concentrada neste último, que gera 90% das receitas da unidade. A intenção da empresa é que a atuação aconteça em espaços como o de refinarias (de petróleo), mineradoras, siderúrgicas, além de fábricas de vidro e de cimento.

Com a entrada no segmento, a empresa tenta também pegar carona em uma resolução ambiental de âmbito federal mais rígida para o meio ambiente. O Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama) atualizou no fim do ano passado uma resolução (382/2006) que estabelece a referência dos limites máximos de emissão de poluentes atmosféricos. A companhia vê no controle das emissões por parte das empresas um mercado em potencial, já que em sua visão as unidades fabris das empresas terão de contratar grupos especializados nesse tipo de trabalho.

Embora animados com o novo projeto, os executivos informam que a principal área a impulsionar o crescimento da Essencis nos próximos anos será a unidade de tratamento e destinação de resíduos – hoje já responsável por 60% do faturamento. O fortalecimento nos potenciais mercados gerados pela Petrobras e em unidades de mineração será a principal aposta da empresa nesse segmento. Entre os concorrentes desse tipo de projeto está a Enfil.

Para se ter uma ideia da atratividade do negócio considerado uma aposta pela Essencis, mais de 70% do faturamento da concorrente Enfil vem de contratos estabelecidos com a Petrobras. Se considerados também os projetos no modelo EPC (Engineering, Procurement and Construction), os contratos com a gigante do petróleo ultrapassam US$ 450 milhões.

Para fortalecer sua atuação nos negócios, a Essencis realizou no ano passado sua primeira emissão privada de debêntures não conversíveis em ações. O valor total da emissão foi de R$ 150 milhões. Os investimentos, diz Fernandes, são feitos sem aportes dos sócios Solví e Cavo – que têm, cada um, 50% de participação na empresa. A Solví é controlada por um grupo de executivos brasileiros que atuava no grupo francês Suez.

A Cavo é uma empresa controlada pela Estre – do empresário Wilson Quintella. Foi adquirida em março de 2011 do grupo Camargo Corrêa por R$ 600 milhões. Quintella tem 54% da Estre, que também tem como sócios o BTG Pactual (20,6%) e outros investidores. Por Fábio Pupo
Fonte:Valor15/03/2012