No cargo de vice-presidente e diretor geral da Qualcomm Ventures, braço de investimentos da gigante de tecnologia wireless Qualcomm, Carlos Kokron afirma que este é um dos momentos mais “exuberantes” do mercado de corporate venture nos últimos anos. “Estamos em um momento fantástico, a gente não para de ver inovação, startups nascendo em todos os cantos do mundo, inclusive no Brasil”, diz.

No ano passado, as startups brasileiras receberam investimento recorde de US$ 9,43 bilhões, valor 2,5 vezes maior que no ano anterior. A Qualcomm Ventures, que tem 150 negócios no portfólio e US$ 2 bilhões em carteira, aumentou seu faturamento em 50%, na comparação com o ano anterior. Em 2021, a empresa adicionou 25 novas companhias a seu portfólio, dentro dos seus setores de interesse: 5G, IoT, automotivo, consumer services, nuvem, mobile, realidade estendida e metaverso.

Mas, em meio a tantas startups com ideias disruptivas, como saber onde vale a pena apostar suas fichas? Talvez seja esse um dos trunfos de Kokron, que afirma estar sempre “de olho no próximo aplicativo ou tecnologia que vai tornar as soluções existentes do mercado ainda mais interessantes”.

Para o executivo, o metaverso ainda é uma promessa que “está se formando”, embora isso não impeça a Qualcommm Ventures de procurar investimentos na área. Neste ano, a empresa lançou o Snapdragon Metaverse Fund, um fundo de US$ 100 milhões voltado exclusivamente para desenvolvedores e empresas de realidade estendida (XR) que desenvolvem tecnologias para habilitar o metaverso. O fundo é global e ainda não há aportes no Brasil.

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Estamos em um momento fantástico para a inovação

Em entrevista à Época NEGÓCIOS, Kokron fala sobre o cenário de inovação no Brasil e no mundo, destaca as principais oportunidades de investimento globais e diz quais são as apostas da Qualcomm Ventures para o futuro. Confira os principais trechos da entrevista.

Época NEGÓCIOS – Como você avalia o momento do venture capital hoje?

Carlos Kokron – Do ponto de vista de evolução de tecnologia, esse é um momento fantástico, pois estamos vendo a convergência de várias tecnologias, todo mundo trabalhando junto para criar soluções muito mais poderosas e ricas, que tragam mais experiências. Um conceito interessante é o da Web 3, que tem o potencial de reescrever a internet como a conhecemos hoje. Na web 2 a gente vive em um mundo em que grandes empresas oferecem conteúdo e serviço de graça em troca dos seus dados, então é muito centralizado. Com essas novas tecnologias, especialmente o blockchain, nós estamos criando um mundo mais descentralizado, em que talvez as pessoas possam ser mais donas de seus dados, e passarem a ser remuneradas por eles. Uma consequência a longo prazo é que as gigantes de hoje podem perder força.

No Brasil, o mercado apresentou um crescimento incríve nos últimos 4 ou 5 anos. Isso atraiu investidores, então hoje há bastante capital. E dá para ver o amadurecimento do ecossistema de startups e do mercado de capitais, para que os investidores tenham saída e a roda possa girar.

EN – Vocês têm mais de 150 empresas ativas no portfólio, com uma carteira de mais de US$ 2 bilhões. Quais as principais áreas de interesse da Qualcomm Ventures hoje?

CK – Nosso foco principal está nos setores em que a gente atua, automotivo, XR, 5G, conectividade em geral, Internet das Coisas e tecnologias em volta do mobile, que podem ser novos sensores, novas telas, novas tecnologias. E, lógico, inteligência artificial, que permeia todos esses setores. A inteligência artificial teve …. leia mais em Época Negócios 07/04/2022