A Enseada, family office que gere os recursos de parte da família Larragoiti, fundadora da SulAmérica, acaba de adicionar mais uma healthtech ao seu portfólio de startups. Ela está liderando uma rodada de R$ 5 milhões na Trevo Saúde, que viabiliza exames na Grande São Paulo para quem não tem plano de saúde, por meio de um marketplace de laboratórios de baixo custo e outros prestadores de serviços de diagnósticos.

O negócio já vinha sendo acompanhado há algum tempo pelo presidente do conselho do family office, Louis de Ségur de Charbonniéres. Ele próprio, enquanto investidor-anjo, já havia entrado em uma rodada de R$ 3,6 milhões realizada pela Trevo no ano passado. “É uma empresa que busca resolver um gargalo no setor de saúde com um olhar humanizado, de dar acesso a serviços para as pessoas que não podem pagar por um plano de saúde”, disse ao Pipeline.

Segundo dados da ANS, cerca de três quartos da população brasileira não têm cobertura de plano de saúde. No marketplace da Trevo, os usuários podem buscar os laboratórios, clínicas e prestadores mais próximos ou fazer uma busca por preço ou qualidade do serviço, fazendo o agendamento por lá, similar ao modelo do Doctorália, voltado para consultas.

“Há 1,4 bilhão de exames que não são feitos por ano, por muitas pessoas que não têm um plano de saúde, mas conseguem pagar por um serviço como esse e não acham um prestador privado que ofereça um preço acessível”, afirma a médica Ana Elisa Siqueira, cofundadora e CEO da Trevo.

Para viabilizar o seu modelo, a Trevo trabalha com laboratórios menores, que oferecem preços mais acessíveis, abaixo daqueles atrelados aos principais players nacionais. São negócios que processam os exames em núcleos de redes como Hermes Pardini e Dasa, mas têm estruturas mais enxutas de atendimento. “Os grandes laboratórios de diagnósticos representem apenas 20% do faturamento do setor, que ainda é muito fragmentado”, diz Siqueira.

Antes de fundar a Trevo em fevereiro de 2022, Siqueira já tinha criado uma empresa de home care com seu pai, também médico, chamada GSC Integradora de Saúde e vendida para a Dasa em 2018. Siqueira chegou a ser vice-presidente na Dasa, antes do grupo comprar 100% da GSC no fim de 2020. Foi lá onde conheceu o outro fundador da Trevo, o engenheiro Adam Alves, que já tinha passado pelo mercado financeiro. “Convidei o Adam para ser meu sócio porque o novo negócio ia precisar de muita tecnologia e dados para escalar”, disse.

Com uma atuação ainda restrita à região metropolitana de São Paulo (que inclui as cidades de Osasco e do ABC, por exemplo), a plataforma da Trevo conta hoje com 37 marcas de laboratórios plugadas, que somam 140 unidades espelhadas pelos municípios atendidos.

Os R$ 5 milhões da nova rodada serão usados para melhorar a jornada dos clientes na plataforma, ampliar canais de venda e avançar no SaaS para laboratórios parceiros, parte da sua vertical B2B. O objetivo é alcançar, até o final de 2025, um volume bruto transacionado (GMV) de R$ 10 milhões. “Queremos crescer os canais B2B. Hoje, por exemplo, as empresas que não oferecem plano de saúde aos colaboradores dão cartões de desconto para o uso de serviços médicos, e as empresas de cartões podem ser nossos parceiros”, diz Siqueira.. leia mais em Pipeline 30/07/2024