A Faros – um dos maiores escritórios de agente autônomo do País – está incorporando o multifamily office Hollander, uma transação que aumenta seus ativos sob custódia para R$ 34 bilhões e consolida sua liderança no ecossistema da XP.

O fundador da Hollander, Carlos Hollander – um veterano com mais de 30 anos de mercado e passagens pela Cargill, Lehman Brothers e Deutsche Bank em Nova York – passará a ser sócio da Faros Participações, a holding que hoje tem como acionistas a Faros Investimentos (72%) e a XP (28%)

Os termos da transação não foram revelados, mas a Faros disse que Hollander será um sócio relevante e ocupará um cargo de diretor-executivo.

A Hollander traz cerca de US$ 1,6 bilhão em custódia (cerca de R$ 8,6 bilhões ao câmbio de hoje) – 75% offshore e 25% onshore – com um tíquete médio de US$ 50 milhões.

A empresa, que nasceu há 16 anos, tem escritórios em Miami e São Paulo e atende apenas oito famílias brasileiras do Sul e do Sudeste.

Carlos Hollander ficou conhecido nos anos 90 como um dos principais gestores de renda fixa de Brasil e América Latina. Em 2002, ele se mudou para Miami e foi trabalhar na Guggenheim Partners, onde montou um multi family office focado no Brasil. Era a época do stress de mercado com a perspectiva da primeira eleição de Lula – daí a demanda de famílias por uma estrutura offshore.

“Eu nunca tinha trabalhado em private, não tinha uma carteira de clientes, meus relacionamentos sempre foram institucionais e para mim foi como começar do zero,” Carlos disse ao Brazil Journal. A partir daí, ele também passou a se dedicar a outros ativos, como ações, private equity e real estate.

Quando o negócio estagnou, em 2006, Carlos deixou o family office da Guggenheim: “O Brasil melhorou, e o dinheiro ou voltou ou parou de sair do País.”

Com o suporte de duas famílias, montou a Hollander no mesmo ano, e desde 2018 buscava parcerias para aumentar a sua estrutura no Brasil. “Estou pensando na perenidade do negócio, hoje totalmente atrelado a mim e ao meu relacionamento com essas famílias, o que também deixa o crescimento mais lento,” disse Carlos.

Depois de duas parcerias que não tiveram o desempenho esperado, fechou o negócio com a Faros. “Uma das dificuldades das primeiras tentativas foi o fato de o negócio offshore ser muito maior do que o negócio no Brasil, o que impedia o alinhamento de interesses. Mas, agora, a Faros é bem maior que a Hollander.”

A Faros já tem um multifamily office que atende 12 famílias donas de R$ 1,8 bilhão.

A Faros foi criada em 2011 e foca nos segmentos private e wealth. Segundo a empresa, seu tíquete médio está em R$ 5 milhões, e a união com a Hollander reforça seu posicionamento no ultra high.

“Esse perfil de investidor ainda está muito concentrado nos bancos e acredito que a próxima disrupção do mercado virá com as casas independentes atraindo esses clientes,” disse Samy Botsman, o fundador e CEO da Faros. “A XP já está conseguindo acessar esse topo da pirâmide devagar, e vamos fazer isso também.”

Rodnei Riscali, o diretor de produtos da Faros – que já havia trabalhado com Carlos em 2014 – disse que a união com a Hollander marca o início da internacionalização da Faros. A ideia é começar a atender famílias do Peru e México.

A Faros também já havia identificado uma demanda reprimida de seus clientes por produtos offshore, disse Rodnei.

Além da Hollander, Samy disse que a empresa está nas tratativas finais para a incorporação de uma gestora de investimentos. No mês passado, comprou a P7, uma empresa de educação que forma corretores de seguros especializados na venda de produtos mais qualificados, não de prateleira.

Em 2020, a Faros incorporou o escritório Private para entrar em Belo Horizonte. “Entendíamos que precisávamos de um parceiro local,” disse Samy. “Nós buscamos aquisições que sejam complementares ao nosso negócio.”… saiba mais em Brazil Journal 30/09/2022