Apenas em 2021, os processos de M&A (sigla em inglês para Mergers and Acquisitions) – que em português significa Fusões e Aquisições – atingiram a expressiva marca de 5 trilhões de dólares. Estamos falando de um novo recorde, considerando que o maior resultado anterior é de 4,42 trilhões de dólares, realizado em 2007.

Mas, para falarmos deste tema, preciso recordar o conceito de Inovação Aberta (Open Innovation), que é um modelo de gestão voltado para inovação e desenvolvimento, e tem como premissa a soma dos talentos internos e externos da empresa. A viabilidade do negócio acontece exatamente por se reconhecer a vantagem de buscar inteligência de negócios em outros ambientes, atraindo assim, empresas, pessoas e soluções que agreguem em sua operação.

Entendo que uma das maiores vantagens da Inovação Aberta seja a possibilidade de pesquisas, criação de soluções, novos produtos e serviços com agilidade e otimização de recursos. Uma grande empresa pode não dispor de tempo ou de dinheiro na velocidade em que o mercado apresenta suas demandas e, por outro lado, temos inúmeras empresas de menor porte ou startups com talentos e tempo para desenvolvimento de novas soluções, com recursos muito limitados.

Desta maneira, com investimento relativamente baixo e menos burocracia corporativa, soluções inovadoras podem complementar as atividades das grandes empresas.

Imagem: Reprodução / Pxfuel

Essa movimentação vem acelerando o desenvolvimento de muitas startups e, não obstante disso, a explosão no número de unicórnios (avaliadas em mais de 1 bilhão de reais). Para termos ideia deste mercado, entre 2010 e 2020, duas em cada três operações de Fusão e Aquisição eram realizadas por grandes empresas. Já no primeiro semestre de 2021, mais da metade delas ocorreram entre startups. Das 113 operações registradas, 61 tiveram startups como compradoras. Cada vez mais os fundos de investimentos têm suas startups assediadas por outras startups.

O que ocorre é que, além de todos os fatores já expostos, a questão cultural fala muito alto. As startups têm em seu DNA o dinamismo, o que acelera todo o processo da Fusão e Aquisição, bem como a integração entre as equipes, o que em grandes empresas não é uma realidade.

Um bom exemplo desta agilidade foi a compra da Modal pela XP, logo nos primeiros dias de 2022, e esta transação foi organizada em pouco mais de um mês. Claro que tem muito número por trás dessa negociação. Nitidamente, a XP entendeu esta aquisição como um passo estratégico para enfrentar os grandes players do mercado financeiro e pagou caro por isso: cerca de 6 mil reais por cliente, o que representa cerca de 10% do volume custodiado, que foi de 607 milhões de reais. Embora tudo esteja bem amarrado, a consolidação desta transação ainda depende de aprovação dos órgãos reguladores.

Vale lembrar que a movimentação entre startups não significa que as grandes empresas estão fora do jogo. Elas apenas precisam se organizar mais rápido para acompanharem este movimento e, algumas delas, vêm desempenhando muito bem este papel. A agilidade na percepção das oportunidades é mais um ponto decisivo.

Sobre a segmentação de mercado, uma pesquisa da consultoria KPMG mostra que as empresas de tecnologia e internet lideraram as operações de M&A em 2021, seguidas pelas financeiras e prestadoras de serviços. Geograficamente, o Estado de São Paulo concentrou aproximadamente 54% destas transações, com o Paraná aparecendo na segunda posição, seguido pelo Rio de Janeiro.

Como vimos, não estamos falando apenas de tendência e, sim, de uma adequação do modelo de negócios, em que empresas se fortalecem – através da colaboração – e oferecem o que fazem de melhor, otimizando recursos importantes como tempo e dinheiro, além de mitigar o impacto dos erros e reduzir os riscos…leia mais em VerdadeON 12/02/2022