A galeria de arte digital Fingerprints, fundada pelos brasileiros Luiz Ramalho e Renato Shirakashi, driblou o cenário de baixa no mercado de criptomoedas e NFTs e emplacou uma nova rodada de captação com investidores parrudos. Andreessen Horowitz (a16z) e Union Square Ventures (USV) aumentaram a aposta no negócio e a Wintermute, um dos maiores market makers de cripto do mundo, entrou no cap table.

Estruturada como DAO, organização autônoma descentralizada, a Fingerprints recebeu US$ 3,5 milhões e foi avaliada em US$ 160 milhões (R$ 800 milhões) – o dobro do valuation da rodada anterior, há cerca de sete meses. “Antecipamos a captação antevendo que o mercado deve cair um pouco mais e isso também vai nos abrir oportunidades de M&As”, diz Ramalho.

É nessa toada que se juntou à equipe Rodrigo Klamt, o executivo do banco de investimento da XP Investimentos que ajudou a organizar a rodada e acabou trocando de negócio – deixou a XP e entrou para a equipe da Fingerprints. “A web3 é disruptiva e quero estar nesse mundo de inovação, que está no início em termos de oportunidades mas maduro o suficiente para não ter volta”, diz Klamt.

Ramalho emenda que agora, com quase um ano de organização, é que a organização tem gente ‘full time’ dedicada ao negócio. “Era efetivamente um coletivo, em que as pessoas doavam parte do tempo “, conta.

O cofundador da Fingerprints começou a carreira no mercado financeiro tradicional, com Goldman Sachs e Blackstone no currículo, mas seis anos atrás decidiu empreender e criou um fundo de trading quantitativo de criptomoedas. O negócio foi incorporado pela Giant Steps pouco depois, na época em que o empreendedor começou a se atentar para o segmento de NFTs. “Sempre me interessei por arte e quando vi artistas sérios se voltando para o mercado digital, não tive dúvida”, conta.

A Fingerprints montou uma coleção de arte digital em abril do ano passado, um mês depois de ter sido estruturada. Foi capitalizada com US$ 4 milhões dos fundadores e de outros empreendedores, como Ariel Lambrecht, fundador da 99 Táxi, e Florian Hagenbuch, cofundador da Loft. Outros fundadores de startups foram aderindo, como Dylan Field, o CEO e cofundador da Figma.

Em setembro, a companhia atraiu a a16z e USV, investidora da Coinbase, junto a fundos especializados em negócios envolvendo blockchain, como Divergence Ventures e Consensys Mesh. “Um dos maiores investidores do Field é a Andreessen, então essa base vai ajudando a construir confiança no negócio”. A 2TM, controladora da Mercado Bitcoin, injetou US$ 1 milhão.

Na DAO, os tokens representam as participações sobre as coleções e as transações são fechadas originalmente na moeda virtual Ethereum (ETH). Os tokens podem ser comprados por qualquer investidor no mercado secundário, mas para ter uma posição de membro da organização, o investimento mínimo é de 5 mil tokens – hoje, na casa de US$ 60 mil. São 240 membros na DAO atualmente, cerca de 80% estrangeiros.

A DAO não tem um conselho de administração, mas um comitê de 14 pessoas que faz a curadoria das obras – o grupo inclui artistas (alguns ganharam os tokens para participar), colecionadores tradicionais e digitais e especialistas, como o britânico Sam Spike, o ex-Sotheby’s que é diretor criativo da DAO.

Ramalho não quer transformar a Fingerprints numa companhia de estrutura tradicional. “A nossa visão de longo prazo é .. saiba mais em Pipeline 20/05/2022