Fundadores da Tok&Stok surpreendem com oferta pelo controle da Mobly
Num inesperado contra-ataque, a família Drubule acaba de propor a compra de controle da Mobly, apurou o Pipeline. Os fundadores da Tok&Stok, que perderam a disputa com a SPX sobre o destino da companhia, enviaram hoje uma carta ao conselho de administração da empresa listada, pedindo publicidade ao documento e convocação de uma assembleia extraordinária.
A família vai realizar uma oferta pública de aquisição de ações (OPA) de até 100% do capital da Mobly, mas mirando controle e a manutenção da companhia em bolsa. Os Dubrule querem 85 milhões de ações – o que daria uma posição entre 60% e 69%, a depender da conversão de debêntures detidas pela SPX.
Ao invés de prêmio, como é mais comum nesses casos, os Dubrule oferecem um desconto sobre tela – argumentando que a companhia segue queimando caixa, não tem liquidez em bolsa para uma referência mais acurada de preço, e, principalmente, não tem qualquer outra proposta ou caminho em vista para “resgatar” a companhia e torna-la rentável.
A companhia ainda não divulgou os resultados do quarto trimestre do ano passado. Em nove meses, teve de 8,5% alta de da receita operacional líquida, para R$ 433 milhões, com Ebitda negativo de R$ 6,4 milhões e prejuízo líquido de R$ 58,7 milhões. A visão dos Dubrule, segundo fontes com conhecimento do assunto, é que a Mobly precisará em breve de um capitalização.
Por isso a oferta é de R$ 0,68 por ação, com pagamento em dinheiro, apurou o Pipeline. É a metade da cotação de tela, hoje em R$ 1,35. A compra custaria aos proponentes cerca de R$ 58 milhões.
Há condições precedentes, como a exclusão da cláusula de poison pill no estatuto da Mobly e um waiver de credores, para não antecipação de vencimentos por mudança de controle.
A publicação do edital da OPA se daria depois dessas alterações. A oferta será intermediada pelo BTG Pactual. A família tem sido assessorada pelo escritório Spinelli Advogados e pela Moelis&Co, apurou o Pipeline.
A carta é assinada por Régis, Ghislaine e Paul Dubrule. Eles têm hoje um volume irrelevante de ações da Mobly, mas se mantêm com 39% da controlada Tok&Stok. Depois de efetivada a OPA, caso chegue ao volume alvo, os novos controladores providenciariam a incorporação das ações da Tok&Stok à companhia.
A Mobly e a SPX, então controladora da Tok&Stok, chegaram a um acordo de fusão das operações, por meio de troca de ações, em agosto do ano passado. As tratativas levaram quase dois anos. Os Dubrule, que venderam o controle da Tok&Stok em 2012 e se mantinham como minoritários, eram contra a fusão.
A companhia listada na B3 tem a holding alemã Home24 como maior acionista, com 44,38%. A SPX tem 13,04%, sem contar a posição em títulos de dívida. Para atingir a posição que almeja, portanto, os Dubrule precisam que um desses acionistas queira amortizar ao menos parte da posição e aceite fazer isso fora do preço de tela.
No ano, as ações da Mobly acumulam desvalorização de 43%. O valor de mercado atual da companhia é de R$ 135 milhões. Antes da fusão, os Dubrule tentaram negociar com a SPX uma capitalização de R$ 220 milhões somente na Tok&Stok, entre aporte no caixa e conversão de dívida. O fundo não topou perder o controle da empresa por diluição… saiba mais em Pipeline Valor 28/02/2025