A startup israelense BridgeWise quer diminuir o gap do conhecimento técnico e as barreiras do idioma para os investidores ao redor do mundo. Com uma plataforma que se acopla a sistemas de terceiros, como corretoras, é possível ter acesso a um universo de análises feitas por uma inteligência artificial sobre as mais variadas ações na bolsa com umavantagem: em línguas que vão além do inglês.

Para expandir o negócio e criar as bases do primeiro escritório internacional aqui no Brasil, a startup acaba de levantar US$ 13 milhões. O aporte foi liderado pela gestora de venture capital Group11, especializada em finanças, mas também contou com a participação de outros investidores, entre eles a L4 Venture Builder, o fundo de corporate venture capital da B3 — que está em processo de aprovação pelos órgãos reguladores. A gestora Mangrove, que investiu no Skype, também acompanhou a rodada, junto de outros investidores privados.

O que acontece é que existe muito dado cru e algo do qual somos muito orgulhosos é ter acesso aos mais importantes e poder explicar de uma forma bem fácil de se ler. Nós damos opções para investidores mais profissionais, mas para 95% das pessoas damos tudo bem digerido”, explica o CEO, Gabriel Diamant. “Nosso produto é feito de forma simplificada, de maneira que qualquer investidor consiga verdadeiramente entender o que está escrito sobre cada empresa”, complementa Dor Eligula, diretor de negócios da startup.

Fundo da B3 investe na BridgeWise

Com acesso aos dados de mais de 145 bolsas ao redor do mundo, a BridgeWise cobre mais de 43 mil empresas listadas, com um corte de a partir de US$ 10 milhões de valor de mercado. Na prática, o seu produto compete com os tradicionais relatórios de bancos, com pontos de atenção, recomendações e análises sobre o futuro daquela companhia, mas com uma leitura simples e com possibilidade de tradução fiel para vários idiomas. Os valores variam de contrato para contrato, mas quem paga é o cliente institucional e quem acessa, a pessoa física, em um clássico produto B2B2C.

A tecnologia criada pela startup faz atualizações diárias e constantes sobre cada empresa, fornecendo dados brutos para além das análises, como balanço patrimonial, demonstração de resultados e fluxo de caixa. Dentro da plataforma, o investidor consegue criar uma carteira e comparar os números de diferentes empresas. Por trás de tudo, está uma equipe crescente de seis analistas, que garantem a veracidade do que é gerado pela inteligência artificial.

Além de Diamant e Eligula, a startup ainda conta com outros dois fundadores, Or Eligula e Mor Hazan. Os quatro trabalham juntos há sete anos e chegaram a criar uma empresa antes, a Dindex, voltada ao mercado de diamantes e vendida em 2018. No ano seguinte, eles fundaram a BridgeWise.

Atualmente, a startup atende 25 clientes institucionais, sendo dois brasileiros. No seu país sede, a plataforma já tem, segundo os fundadores, cerca de 80% do mercado, tendo grandes bancos como clientes. A ideia é construir essa mesma rede por aqui. “Estamos animados. O Brasil tem muitas similaridades com Israel, até mesmo em como fazer negócios, só que vinte vezes maior”, diz Diamant.

Por enquanto, a empresa está à procura de um country manager e espera abrir o escritório em São Paulo nos próximos dois meses. Na visão de Diamant, os analistas do mercado podem usufruir de todos os dados gerados pela inteligência artificial, de forma a otimizar o tempo de pesquisa sobre cada empresa e ter de fácil acesso aquelas que precisam de mais atenção.

“Acredito que devemos olhar da mesma forma que olhamos para o ChatGPT. Não necessariamente vai substituir profissionais, mas vai empoderá-los com possibilidades únicas, fazendo o trabalho pesado para eles”, diz Eligula… leia mais em Pipeline 31/01/2023