No primeiro semestre de 2022, foram realizadas 70 operações de fusão e aquisição em Minas Gerais, um aumento de 27,3% em relação ao mesmo período do ano passado, quando houve 55 negócios neste modelo. As transações efetuadas em Minas equivalem a 8,7% do total de 807 anunciadas no País nos primeiros seis meses do ano. Estes números sinalizam uma tendência de crescimento, que deve se manter até o final do ano, informa o Relatório de Fusões e Aquisições da empresa de auditoria e consultoria financeira PwC Brasil.

O número de transações de M&A (Mergers and Acquisitions, fusões e aquisições em inglês) vem aumentando nos últimos dez anos. Deu um salto durante a pandemia, quando as empresas, descapitalizadas, tiveram que procurar dinheiro no mercado. “Em Minas Gerais, assim como no Brasil, a principal causa do aumento das operações de fusões e aquisições foi um efeito causado pela pandemia nas empresas, especialmente nas pequenas e médias, que buscaram estas operações como uma alternativa para captação de recursos e para sobrevivência dos negócios”, explica um dos sócios da PwC Brasil, Leonardo Dell’oso.

Se associaram a este movimento, diz Dell’oso, outros efeitos como a performance excepcional de determinados setores, como o de tecnologia, serviços, logística, agronegócios, saúde, alimentos e bebidas, que, beneficiados pela crise, buscaram movimentos de M&A para rápido crescimento, diversificação e consolidação nos seus mercados.

Fusões e aquisições avançam em Minas

“Outro aspecto importante foi o aumento dos juros nas operações de captação de dívida, tornando esta forma de acesso a recursos financeiros praticamente inviável. As empresas passaram a vislumbrar as operações de M&A como uma alternativa viável de tomada de recursos”, revela o empresário.

Além disso, o alto volume de abertura de capital (IPOs) em 2021 aqueceu o mercado de M&A naquele ano e trouxe impactos para 2022, que deverão se estender até 2023. “Para completar, temos observado também uma popularização das operações de M&A, com a participação de empresas que antes não tinham acesso a esse mercado”, aponta Dell’oso.

De 2019 para cá, quando o mercado registrou 912 transações de M&A, o número delas só aumenta no País. Foram 1.038 em 2020, 1.659 em 2021 (um aumento de 60%) e, nos primeiros seis meses de 2022, 807 transações, 14,3% a mais que os 706 negócios fechados no mesmo período do ano passado. Em Minas Gerais, a quantidade anunciada de fusões e aquisições mais do que dobrou em dois anos. Foram 114 em 2021, contra 68 em 2020 e 58 em 2019.

Setor de tecnologia lidera

Em âmbito nacional, o setor de tecnologia lidera a quantidade de operações de fusões e aquisições há mais de dez anos. Até junho de 2022, elas chegaram a 360 e representaram 45,72% de todas as transações. Em Minas Gerais, o setor de tecnologia também lidera as operações e respondeu por 35,7 % do total, seguido por serviços públicos (22,86%). Em terceiro lugar, vêm serviços de saúde, bancos e estabelecimentos financeiros, agropecuária e serviços de apoio, cada um com exatos 5,71% dos negócios.

São vários os exemplos de dinamismo do mercado em Minas. A Agro Amazônia anunciou um acordo para adquirir a Nativa Agronegócios, empresa que atua no mesmo segmento de distribuição de insumos na região do Cerrado Mineiro. O valor não foi informado.

A Atlas Renewable Energy, geradora de energia controlada pela gestora inglesa Actis, adquiriu um projeto de energia eólica desenvolvido pela Voltalia, empresa de origem francesa que também atua com energias renováveis no País. Ainda no ramo de energia, a Cemig anunciou a aquisição, através da Cemig SIM, de 100% de participação em três usinas fotovoltaicas, Prudente Morais, Montes Claros e Jequitibá, por aproximadamente R $100 milhões.

O sócio da PwC Brasil, Leonardo Dell’oso, acredita que o segmento deve continuar fortalecido futuramente por conta das movimentações exigidas das empresas para os investimentos na tecnologia 5G, por exemplo. “É um setor que cria soluções que se renovam todos os dias e que se tornam novos negócios”, diz.

Os efeitos da “desglobalização” também afetarão os negócios entre as empresas, avalia Dell’oso. Ele diz que muitas companhias querem reduzir a dependência de outros países, como China e Índia, por exemplo. “Há empresas que estão buscando diversificar suas cadeias de produção e o Brasil pode ser um destino. É um país pacífico e está em fase de crescimento. Empresas do setor de logística, por exemplo, não querem ficar tão dependentes de certas cadeias de suprimentos”, finaliza… leia mais em Diário do Comercio 16/09/2022