Após quase 10 anos de investimento na empresa de recuperação de crédito Paschoalotto Serviços Financeiros, a Gávea Investimentos vendeu a participação de 37,57% na companhia de volta aos fundadores, amargando um impacto negativo na carteira.

A participação era detida pelo fundo de participação GIF V, que investiu R$ 100 milhões em troca de uma participação minoritária na empresa em 2015, quando a companhia tinha faturamento anual de R$ 200 milhões. Em 2020, a Gávea tentou uma saída do investimento via IPO, com a companhia chegando a registrar pedido para abertura de capital, que acabou não indo adiante.

Em dezembro daquele ano, a participação da Gávea foi avaliada em R$ 253 milhões, valor que foi reduzido para R$ 149,1 milhões em dezembro de 2023. Na venda em setembro deste ano, o impacto negativo foi de 17,23% para as cotas do fundo, com a redução do valor patrimonial de R$ 115,8 milhões do portfólio, em função de uma reavaliação contábil para baixo do valor do ativo na carteira.

Nesse meio tempo, a companhia teve um baque nos resultados após sofrer um ataque hacker em 2022, que levou à paralisação de seus sistemas por semanas. Apesar de o investimento não ter sido muito frutífero do ponto de vista financeiro para a Gávea, o CEO da companhia afirma que a empresa retomou crescimento e conseguiu defender sua fatia de mercado.

“Mantivemos a liderança no segmento de recuperação de créditos no Brasil atuando junto aos clientes com serviços de atendimento humano e digital”, diz Eric Garmes, CEO da Paschoalotto. “A sociedade com a Gávea mostrou ao mercado a profissionalização da empresa e melhora da governança, além de colocar dinheiro em caixa”. Ele projeta R$ 1 bilhão de faturamento neste ano, com lucratividade.

Fundada em 1998, em Bauru, pela família Paschoalotto, a companhia possui 15 mil funcionários e conta com unidades também nas cidades de Agudos, Marília e Ribeirão Preto. A recuperação de crédito responde por 80% dos negócios da empresa, que gera cerca de R$ 3 bilhões de valor médio mensal recuperado para os clientes. A companhia tem buscado ampliar os segmentos que atende com clientes das áreas de saúde, educação, varejo, serviços e indústria, embora o setor financeiro ainda seja o principal parceiro.

A empresa lançou uma plataforma de autonegociação e pagamentos, a Pagou Fácil, e tem buscado ampliar a atuação além da cobrança, oferecendo serviços de atendimento, ouvidoria e BPO (terceirização de processos). Um novo sócio após o private equity não está descartado, mas não é prioridade no momento. “Estamos acompanhando o mercado para potencial abertura de capital, mas a empresa não está fechada para explorar outras alternativas e avalia como monetizar os dados de pagamento dos clientes”, diz Garmes.

Com a saída da Gávea da sociedade, o conselho se mantém com três membros da família fundadora, o CEO e o membro independente que havia sido indicado ainda na época da gestora, o CEO da Locaweb, Fernando Cirne.

O fundo GIF V, que tem vencimento em 2025, tinha um patrimônio de R$ 672,3 milhões em agosto, dado mais recente na CVM. Há ainda outra empresa na carteira, a fabricante de sucos Natural One, que respondia por 63% do portfólio… leia mais em Pipeline 09/10/2024