Grupo Softplan se divide em dois
A Softplan, desenvolvedora de software catarinense com forte presença em sistemas para tribunais de Justiça e um portfólio de soluções de software como serviço adquirido nos últimos anos decidiu fazer uma virada estratégica.
O negócio vai ser dividido em duas empresas independentes, uma focada no mercado público, no qual a Softplan é um player tradicional há três décadas, e outra focada no mercado privado, reunindo as 12 startups adquiridas desde 2020.
Como parte das mudanças, está de saída Eduardo Smith, um CEO gabaritado trazido pelos fundadores em 2021, volta para o conselho de administração da companhia, no qual já estava desde 2017. Cada nova empresa terá o seu próprio CEO.
A nova empresa focada no mercado privado será liderada por Ionan Fernandes, um profissional com 10 anos de casa, nos quais teve passagem por cargos como Chief Strategy Officer e Chief Revenue Officer.
Fernandes tem contatos no ecossistema de inovação, sendo investidor da WOW, uma das maiores aceleradoras do país, além de passagens por empresas de tecnologia como Resultados Digitais, Neogrid e Datasul.
O lado setor público será liderado Márcio Santana, um profissional com um ano e cinco meses de casa vindo da Sonda, onde era vice-presidente.
Santana foi também diretor de setor público na Totvs e, talvez o mais importante de tudo, CIO do Ministério Público do Mato Grosso por sete anos.
O carro chefe da Softplan é o SAJ Tribunais, uma solução com 100 mil usuários que gerencia mais de metade dos processos da justiça estadual, além de atender tribunais de justiça em todo o país.
“A criação dessas operações autônomas nos permite dar ainda mais foco em cada setor de atuação e, ao mesmo tempo, garantir que continuemos colocando nossos clientes no centro de nossas decisões. Esse é um passo importante na construção de um futuro ainda mais relevante para o Grupo Softplan”, destaca Smith.
A Softplan não chega a mencionar nada sobre novos nomes para as novas empresas, mas parece provável que isso venha no médio prazo.
Smith fica no comando ainda durante um período de transição no primeiro semestre de 2025, antes de voltar para o conselho, como um conselheiro normal, junto com os três fundadores da Softplan e outros três conselheiros independentes, um dos quais é o presidente do conselho.
A Softplan explicou a decisão em termos estratégicos, sem fazer maiores menções aos fundamentos por trás. Mas quem acompanha o negócio de perto acha eles logo.
A coisa mais óbvia para se olhar são os resultados. No ano passado, a Softplan divulgou que 42% da receita da empresa já vinha da chamada “plataforma MultiSaaS”, na qual estava combinada todas as aquisições.
Por outro lado, apesar de agregar receita com compras e diversificar, o que eram os objetivos, o faturamento da Softplan vinha desacelerando, o que certamente não estava nas metas.
Em 2022, a Softplan havia crescido 37%, e para o ano passado, a projeção era crescer outros 30%, chegando a R$ 760 milhões.
Nas suas últimas divulgações, a Softplan fala em uma receita líquida de R$ 803 milhões para 2024, o que seria um aumento de 5% frente ao projetado para 2023.
Talvez por isso, a Softplan deixou de fazer comparações ano a ano, passando a falar taxa de crescimento anual composta (CAGR), uma média geométrica de um período X (no caso, 2020 a 2024).
Essa é uma decisão por um indicador que suaviza as flutuações anuais no faturamento, e, no caso em específico. O CAGR da Softplan entre 2020 e 2024 é de 27%.
Outra questão é a percepção da empresa no mercado. Nos últimos anos, a própria comunicação da Softplan enfatizou os novos negócios, definindo a organização em termos genéricos como uma “empresa de tecnologia SaaS e transformação digital”, ou meio etéreos como “plataforma MultiSaaS”.
O negócio focado no Judiciário, com o qual a Softplan sempre foi identificada, ficou em segundo plano, o que talvez tenha tido consequências negativas com os clientes, mesmo em um segmento que é menos dinâmico.
Tudo isso leva a decisão de dividir a empresa e mudar os CEOs. Smith parece ter sido um CEO sob medida para diversificar a operação da Softplan por meio de aquisições.
Quando da contratação, ele era envolvido em investimentos em startups, além de ter uma passagem anterior de 11 anos no Grupo RBS, onde passou por cargos como vice-presidente da empresa em Santa Catarina e VP de jornais, rádio e digital.
Por outro lado, os novos CEOs parecem ser escolhidos a dedo pelo seu background nas áreas de negócio que as duas novas empresas atuam… leia mais em Baguete 06/12/2024