O ano de 2022 já era um ano complicado em relação às perspectivas para o mercado equity no Brasil, principalmente por conta do cenário eleitoral. Grandes empresas aproveitariam os meses prévios à eleição para se organizarem para a realização de IPOs a partir do fim do ano. “A nossa expectativa é que as companhias comecem a fazer um trabalho de governança nesses meses e a protocolar as ofertas logo após a eleições, em que o mercado já saberia quem ganhou e teria condições de precificar o ganhador”, explica Daniel Laudísio, sócio do Cescon Barrieu nas áreas de Bancário e Financeiro, Mercado de Capitais, Fusões e Aquisições e Private Equity.

Com a guerra entre Rússia e Ucrânia e fatores como rodadas de alta dos juros, para conter a inflação, no Brasil e nos Estados Unidos, porém, o cenário se tornou ainda mais incerto, o que retardou algumas operações no mercado de renda fixa, particularmente o internacional. A volatilidade trouxe instabilidade para o mercado mas, segundo Daniel, a tendência é de volta à estabilidade para as próximas semanas. “Existia antes da guerra uma grande expectativa para a captação de financiamentos de mercado de capitais e isso trouxe um cenário turbulento nas últimas semanas. Agora, com uma relativa estabilização no conflito, os mercados devem voltar a operar com certa normalidade caso nenhuma grande alteração no status do conflito aconteça”, destaca.

M&As

Já em relação ao mercado de fusões e aquisições, as instabilidades podem trazer movimentações mais. Daniel explica que, em um cenário de volatilidade, se a empresa não estiver com a “casa arrumada” pode precisar vender ativos a um preço mais baixo para recompor caixa. Por outro lado, o advogado explica que nos últimos 18 meses foi grande a quantidade de empresas que realizou IPO com planos de crescimento acelerados por meio da aquisição de empresas. “Muitas empresas, porém, ainda não gastaram o dinheiro que captaram por estarem com dificuldades para encontrar os ativos ou por acharem que o retorno pode não compensar. Mas esse dinheiro parado não dá retorno para os acionistas e isso traz uma pressão para as empresas. Com essa necessidade de gastar a pressão aumenta e as empresas podem assumir mais riscos”, avalia ele.

Na outra ponta, empresas que já se encontravam vulneráveis em razão da pandemia e que foram ainda mais afetadas pelo conflito na Ucrânia, além de investidores que perderam a janela de saída de investimentos por meio de IPOs, podem precisar se desfazer de ativos, aquecendo a possibilidade de novos M&As. “Existem alguns efeitos de vendas possíveis. Se juntar a fome com a vontade de comer, teremos muitas consolidações e M&As pela frente”, finaliza Daniel Laudisio, sócio do escritório Cescon Barrieu.

Sobre o Cescon Barrieu O Cescon Barrieu é um dos principais escritórios de advocacia do Brasil, trabalhando de forma integrada em cinco escritórios no Brasil (São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador e Brasília) e, também, em Toronto, Canadá.

Com informação da Tree Comunicação