A movimentação do ecossistema está tímida, mas o GVAngels segue com apetite para investir. A rede de investidores-anjos formada por ex-alunos da Fundação Getulio Vargas (FGV) pretende aportar R$ 13 milhões em startups em 2023. O valor representa quase o dobro do que foi investido no ano passado (R$ 7,6 milhões) e se aproxima do volume máximo aportado pelo grupo em 2021 — quando foram investidos R$ 13,3 milhões, com cheques médios de mais de R$ 1 milhão.

“2021 foi o ano do medo de ficar de fora. Com as taxas de juros baixas e o capital mal remunerado, a saída foi buscar investimentos alternativos, e as startups foram uma opção. Já 2023 é o ano da cautela e da racionalidade. Agora, buscamos empresas sustentáveis, com geração de caixa, que passaram do ponto de equilíbrio e não vão gastar para comprar mercado”, afirma Mike Ajnsztajn, cofundador e presidente do GVAngels.

Segundo o último relatório Inside Venture Capital, compilado pelo Distrito, os investimentos em startups tiveram o pior mês de janeiro desde 2018, com queda de 84% no volume de aportes em relação ao mesmo período de 2022. Ajnsztajn, porém, vê uma vontade de investir cada vez maior entre os associados do grupo. “Com nosso volume e maturidade, estamos vendo um grande conforto por parte dos nossos investidores”, pontua. Atualmente, a rede reúne cerca de 350 anjos.

GVAngels quer dobrar investimentos

Ajnsztajn fundou a Blowtex e algumas startups antes de passar para o outro lado e começar a investir, primeiramente como anjo nos EUA. Por causa de sua experiência de mais de uma década no ecossistema de inovação – em 2012, ele cofundou a aceleradora ACE –, passou a ser procurado por amigos que queriam saber como investir em startups. O GVAngels foi criado em 2017 ao lado de Rafael Belmonte, Patrícia Osório e Sérgio Adler, e teve como inspiração o Harvard Business Angels. “Quando surgimos, tinha a unidade do Harvard aqui, a Anjos do Brasil, o Gávea Angels e outros grupos menores. Mas, além do Harvard, não existiam grupos de ex-alunos de faculdades”, afirma.

Ele conta que os associados são apresentados a todos os tipos de possibilidade e que a tese do grupo é agnóstica, ou seja, não tem um segmento definido. Entre as investidas estão desde empresas early stage — para aqueles que buscam mais risco — até unicórnios. “Nosso trabalho é apresentar um leque gigante. Vai do A ao Z, só não pegamos quem ainda está no PowerPoint”, diz. Ajnsztajn revela que, neste ano, o radar do grupo estará antenado em startups de inteligência artificial, proptechs, fintechs e healthtechs. Ao longo dos cinco anos de atuação, o GVAngels investiu mais de R$ 45 milhões em 50 startups, entre elas Educbank, Instaviagem, Espresso e Prol Educa.

As apresentações de pitch ocorrem mensalmente, em formato híbrido, em um auditório da FGV, em São Paulo. As startups chegam por diferentes canais: algumas empresas são descobertas pelos “startups hunters”, que realizam busca ativa de negócios promissores; outras vêm por meio dos associados; e, em menor parte, chegam as que se inscrevem pelo site do grupo. O investimento mínimo recomendado pelo GVA é de R$ 25 mil, sendo que os subgrupos de anjos investem, em média, de R$ 500 mil a R$ 800 mil nas rodadas. Da apresentação do pitch ao recebimento do investimento são, no máximo, 45 dias.

No ano passado, o grupo lançou o projeto Angels Academy, para formação de novos investidores-anjos. No momento, apenas associados podem participar, mas o presidente afirmou que está nos planos ampliar o acesso para qualquer interessado. A iniciativa conta com 35 horas gravadas de master classes com professores, investidores e especialistas de ACE, SaaSholic, Softbank, Astella e outros. “Boa parte de quem entra como associado ainda quer aprender e demorava para começar a investir por insegurança, medo. Veio a necessidade de suprir isso. Se aprende participando de diligências, mas não é o suficiente. Existia uma demanda”, ….. leia mais em PEGN 09/02/2023