Emprego mais fraco nos EUA e PIB maior que expectativa no Brasil ajudaram

Dados mais fracos de criação de emprego nos Estados Unidos e um desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil acima do esperado fizeram o Ibovespa, principal índice de ações da B3 (ex-BM&FBovespa) bater nos 72 mil pontos, patamar que não alcançava desde novembro de 2010. O indicador fechou em alta de 1,53%, aos 71.923 pontos. Já o dólar comercial ficou perto da estabilidade, com pequena variação negativa de 0,03%, cotado a cai R$ 3,142.

A bolsa fechou em seu maior patamar desde 8 de novembro de 2010, quando atingiu 72.657 pontos. Também foi hoje que pela primeira desde essa época que negociou acima dos 72 mil pontos – na máxima, chegou a 72.216. Rogério Freitas, sócio-diretor da Florença Investimentos, explicou que a alta está calcada em dois fatores. O primeiro, externo, é a expectativa de liquidez global, uma vez que os dados sobre o mercado de trabalho nos Estados Unidos sinalizam que a alta de juros por lá será postergada. Internamente, os dados do PIB no Brasil vieram melhores, em especial em relação ao consumo das famílias.

— A economia americana está saudável e com mercado de trabalho robusto, mas ao mesmo tempo sem necessidade de um processo de normalização mais rápido das taxas de juro. Esse ambiente permite uma liquidez internacional abundante e favorável para os ativos de risco. Junto a isso, a alta do PIB no Brasil potencializa a alta do Ibovespa. Os números mostram que a recuperação da economia está acontecendo — avaliou.

O Departamento de Trabalho dos Estados Unidos anunciou que em agosto foram criadas 156 mil vagas, abaixo dos 180 mil novos postos de trabalho esperados. A taxa de desemprego ficou em 4,4%, ante expectativa de 4,3%. Com esse sinal de mercado de trabalho mais fraco, cresce a aposta de que o Federal Reserve (Fed, o BC americano) não irá aumentar os juros neste ano. A taxa está entre 1% e 1,25% ao ano. Com juro ainda em patamar muito baixo, a liquidez global seguirá em alta, facilitando os investimentos em emergentes.

— Nesse cenário, tudo indica que a autoridade monetária americana tende a retomar o ciclo de aperto monetário da economia somente no primeiro trimestre do próximo ano — avaliou Ricardo Gomes da Silva, superintendente da Correparti Corretora de Câmbio.

Já no Brasil, o PIB do segundo trimestre mostrou um crescimento de 0,2% em relação ao trimestre imediatamente anterior, enquanto a aposta era de estabilidade. Outro dado que surpreendeu foi o aumento do consumo das famílias. De negativo, os analistas destacaram a queda da taxa de investimento. “Os números estão mais fortes que o esperado e mostrando uma expansão na comparação anual”, reforçaram, em nota a clientes, os analistas da Yield Capital.

Esses dois elementos fizeram o Ibovespa operar em alta durante todo o pregão. Luiz Roberto Monteiro, operador da Renascença Corretora, lembra também que notícias corporativas ajudaram determinados papéis.

— O Ibovespa acompanhou o ambiente externo e teve o PIB para ajudar disso. Além disso, alguns eventos corporativos fizeram algumas ações subirem. É o caso da Usiminas, que concluiu a renegociação de sua dívida com credores — explicou.

E foi o setor siderúrgico que liderou a alta. A Usiminas fechou com ganhos de 10,44%, a maior entre os papéis do índice. Já a Gerdau avançou 6,32% e a CSN, 6,55%.

As ações mais negociadas também operaram com ganhos. No caso da Petrobras, as preferenciais (PNs, sem direito a voto) subiram 2,71%, cotadas a R$ 14,02, e as ordinárias (ON, com direito a voto) avançaram 4,43%, a R$ 14,59. Essa valorização ocorre mesmo com a leve queda do preço do petróleo no mercado internacional. O barril do tipo Brent recuava 0,23%, a US$ 52,74 o barril próximo ao horário de encerramento dos negócios no Brasil. POR AGÊNCIA O GLOBO
 Leia mais em epocanegocios 01/09/2017