A companhia de saneamento Iguá contratou os bancos Bradesco BBI e Morgan Stanley para encontrar um novo sócio, segundo três fontes de mercado. O mandato para o private placement já está na rua, com objetivo de uma transação primária de R$ 2,5 bilhões a R$ 3 bilhões (cerca de US$ 500 milhões), numa posição minoritária que pode chegar a co-controle.

O negócio já envolve outros assessores financeiros na ponta compradora. Os bancos iniciaram conversas com ao menos quatro investidores – os fundos canadenses Ontario Teachers Pension Plan (OTPP) e CDPQ e os grupos brasileiros Votorantim e Equatorial, apurou o Pipeline.

A transação chamou atenção dos players porque a Iguá tem como acionistas os canadenses CPPIB e Aimco e a gestora IG4, investidores com caixa para financiar a companhia. O BNDESPar também é acionista. Mas essa participação dos sócios não está descartada, segundo as fontes. “Eles estão buscando esse capital de um novo investidor como montante mínimo, mas dizem que podem acompanhar”, disse uma fonte que teve acesso às informações do processo de capitalização, que definiu o início de dezembro como prazo para ofertas não vinculantes.

O montante final vai depender do tipo de oportunidade que a Iguá encontrar. A capitalização quer deixar a companhia pronta para competir em novas concessões e potenciais privatizações, como Corsan, Copasa e Sabesp – uma expectativa do setor considerando os governos eleitos nos respectivos estados. Mas não é segredo o interesse da companhia em comprar a concorrente BRK Ambiental.

A BRK é controlada pela Brookfield e pelo FI-FGTS e vinha dando preferência a um IPO. Já foram duas tentativas de deslanchar a oferta, mas sem avanço dadas as condições de mercado. A Brookfield parece ter mudado de ideia sobre o desfecho para o ativo – o fundo teria autorizado o Itaú BBA a sondar potenciais compradores, segundo duas fontes, mas uma delas afirma que não há ainda mandato formal.

Alguns dos acionistas da Iguá preferem não ter a complexidade do FI-FGTS no conselho, o que significa que só sai negócio numa transação total. Outro operador que pode colocar proposta pela BRK no caso de os acionistas decidirem seguir com um processo formal é a Aegea, que tem Equipav, GIC e Itaúsa de acionistas, além do potencial interesse de fundos de infraestrutura. A atual gestão do banco federal simpatiza com a ideia, mas no ano que vem, tudo pode mudar – o que também explica o timing da Iguá.

O private placement é um de três mandatos que a Iguá está colocando na rua, segundo fontes de mercado. A companhia também já teria contratado BTG Pactual, Bradesco BBI e Itaú BBA para uma emissão de R$ 5 bilhões em debêntures de infraestrutura, uma dívida que vai quitar parte do bridge que a concessionária tomou para levar um operação da Cedae, no Rio, e alongar o passivo.

Na ponta vendedora, o Itaú BBA tem buscado interessados para 11 pequenas concessões da Iguá, que quer se concentrar nas operações maiores. Os ativos à venda são concessões em cidades com menos de 500 mil habitantes, no interior de Santa Catarina, Mato Grosso e São Paulo, e o banco tem oferecido a potenciais interessados o pacote fechado – algo estimado entre R$ 500 milhões e R$ 600 milhões, apurou o Pipeline.

Nas três frentes, a companhia pode levantar algo entre R$ 8 bilhões e R$ 9 bilhões no total para sua estratégia de consolidação de mercado. Procurada, a Iguá não comentou sobre nenhuma das operações.

As transações vão ajudar a Iguá a deixar de vez para trás o legado de companhia em turnaround para se consolidar com uma das maiores do setor. Quando a IG4 comprou a então CAB Ambiental das mãos do Grupo Galvão, a concessionária fazia R$ 175 milhões de Ebitda. A gestora atraiu os fundos canadenses para a companhia, incluindo um aporte no ano passado para a disputa pela Cedae. Um analista do setor calcula que, com a operação no Rio, o Ebitda anualizado esteja na casa de R$ 1 bilhão hoje… leia mais em Pipeline 08/11/2022