A Infracommerce concluiu nesta quinta-feira o aumento de capital privado aprovado pelo conselho no dia 11 de agosto. A companhia levantou R$ 400,8 milhões, valor máximo previsto para a operação, com a emissão de 80 milhões de novas ações a R$ 5,01. “O piso da emissão, de R$ 170 milhões, já estava garantido pelos âncoras, alguns dos nossos acionistas de referência. Além disso, fundos de investimento que ainda não estavam na base demonstraram interesse em entrar na operação caso houvessem sobras, o que de fato aconteceu”, afirma Fábio Bortolotti, diretor de internacionalização e relações com investidores, ao EXAME IN.

O aumento de capital é visto de forma positiva por fontes consultadas pela reportagem, que estimam um Ebitda de R$ 130 milhões a R$ 150 milhões para a companhia em 2023. Ainda assim, não é esperada uma mudança significativa de percepção sobre a companhia. Um dos pontos que colaborava para a cautela, em relação aos indicadores operacionais, tem relação com a previsão de lucro líquido apresentada em evento anual aos investidores. A Infracommerce projetava sair do vermelho na última linha do balanço somente em 2024. Mas, agora, capitalizada, a estimativa da companhia é já ter a última linha do balanço positiva a partir do ano que vem.

Hoje, os principais acionistas da companhia são o fundo estrangeiro Engadin Investments (que conta com aporte da Cadonau Investimentos, family office dos Jereissati), com 10,4% do negócio, seguidos pela gestora Compass (10,3%), pela Flybridge Capital (9,8%) e pela empresa japonesa Transcomos (8,4%). Ainda são acionistas a IGVentures (6,5%) e o CEO da empresa, Kai Philipp Schoppen, com 5,7%. Nem todos entraram no aumento de capital, segundo a companhia, dada a característica de alguns fundos de venture capital de não investirem em bolsa.

Infracommerce levanta R$ 400 8 milhões

O dinheiro que vem para o caixa visa principalmente reforçar a estrutura de capital da empresa. A companhia tem uma dívida líquida de R$ 360,8 milhões, considerando R$ 250 milhões em vencimentos financeiros e o restante em compromissos de leasing, principalmente relacionadas a aluguel de galpões. “Não temos dívida bancária de curto prazo, mas é claro que, agora, com o aumento de capital, estamos conversando com bancos para repactuar compromissos. Hoje, metade da dívida tem vencimento de cinco anos e a outra metade em dois. Vamos renegociar, de olho em alongar prazos e deixar tudo para 2026. Não temos de pré-pagar nada”, afirma Bortolotti.

Recentemente, a empresa também divulgou ao mercado que conseguiu renegociar as dívidas de aquisições. Antes da repactuação, a empresa teria de pagar R$ 295,5 milhões em earn-out no segundo semestre, um montante que foi reduzido para R$ 60 milhões. Restará ainda uma fatia de R$ 113 milhões para um intervalo entre 2023 e 2027. Para fazer a operação, o que se sabe é que os ‘credores’ trocaram parte da dívida por uma participação adicional na companhia, não revelada ao mercado em detalhes. Um ponto que colabora para essa renegociação é que a aquisição da Synapcon no ano passado, por R$ 1,2 bilhão, teve parte do pagamento feito em ações da Infracommerce.

“Em meio à escalada dos juros, resolvemos fazer o aumento de capital privado porque queríamos o instrumento mais simples possível pra todos os acionistas participarem. Não queríamos fazer uma debênture muito sofisticada que ninguém conseguisse entender, por exemplo”, afirma Bortolotti.

A alavancagem, medida pela relação entre a dívida líquida e o Ebitda acumulado em 12 meses, deve fechar o ano em cerca de 2,6 vezes e, no ano que vem – uma projeção ainda a ser confirmada – deve ficar em torno de uma vez. Hoje, a alavancagem da empresa está em cerca de 6,6 vezes, com base nos dados divulgados no segundo trimestre deste ano… leia mais em Índices Bovespa 29/09/2022